Depois de o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, dizer que "no Brasil, há muitos assentamentos que se transformaram quase em favelas rurais", o coordenador em Pernambuco do MST, Jaime Amorim, atribui a análise a "falta de conhecimento ou ignorância". "Não há risco de um assentamento virar favela. São conceitos totalmente diferentes", disse. Presidente Dilma ensaia aproximação com o grupo
PE247 - Não pegou bem a comparação feita pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, entre assentamentos e favelas na última sexta-feira (leia mais). E num momento em que a presidente Dilma Rousseff tenta aproximação com o grupo. Para o coordenador em Pernambuco do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Jaime Amorim, que também é da direção nacional do movimento, a análise é fruto de "falta de conhecimento ou ignorância". Em entrevista ao jornal O Globo, o líder regional até reconhece que a reforma agrária implementada no Brasil "não é a que sonhamos", mas rechaça a comparação.
"Isso não existe. O que há são assentamentos isolados, que o Incra proporciona, mas somente no interesse de resolver ou reduzir conflitos. Isso é o que há", disse Amorim. "Há realmente áreas onde os movimentos vêm lutando para conseguir as mínimas condições, inclusive de sobrevivência, para os trabalhadores rurais", completou.
Segundo o líder sem terra, "há assentamentos que funcionam bem, estão produzindo, até fornecem alimentos para a merenda escolar de pelo menos 15 municípios". "Mas há outros onde realmente falta tudo e que não alcançaram as mínimas condições de dignidade. Agora, comparar isso com favela é exagero ou ignorância, porque os problemas da periferia, como a superpopulação, não estão sendo transportados para o campo", criticou. "Não há risco de um assentamento virar favela. São conceitos totalmente diferentes".
"Os movimentos se esforçam para facilitar as questões sociais, estimulam a construção de agrovilas, para que as famílias não fiquem isoladas, criando condições para o convívio, a identidade camponesa", analisou. "Mas, se os assentamentos não dão certo, grande parte da culpa é do governo. A tarefa dele é intervir para reverter essa situação", concluiu.