domingo, 17 de fevereiro de 2013

Matéria do Jornal O DIA mostra gravidade do conflito agrário no Norte Fluminense

O Jornal  O DIA publica hoje uma matéria que mostra a existência de uma grave situação de conflito envolvendo os assentamentos e acampamentos existentes no município de Campos dos Goytacazes.

Em reportagem assinada pela jornalista Christina Nascimento, podemos ver que além dos dois militantes assassinados, existem outros marcados para morrer, existindo ainda agricultores que foram colocados no Programa de Proteção à Testemunha.

Agora, o que se espera é que o INCRA e o Ministério de Desenvolvimento Agrário façam valer o direito dos assentados e acampados a viverem e trabalharem em paz dentro do seus lotes.

Em tempo, a matéria destrói o mito da paz no campo que a mídia local tentou criar. Pelo que se paz, se há alguma paz atualmente é a dos cemitérios onde os militantes do MST que foram assassinados foram enterrados.



MST retira líderes ameaçados de morte em Campos



Ministério pediu empenho na investigação e alguns militantes foram incluídos em programa de proteção, após assassinatos

POR CHRISTINA NASCIMENTO


Rio - Quinze pessoas, sendo sete do acampamento do MST na Usina de Cambahyba e os outros do assentamento Zumbi dos Palmares, ambos em Campos, Norte do Estado, tiveram que deixar o local às pressas porque estariam correndo risco de vida.

O assassinato de dois integrantes do movimento em 10 dias transformou a área rural do município num barril de pólvora. O Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA)pediu empenho do governo do estado na investigação das mortes.

A situação é tão crítica que, após os crimes, foi preciso incluir alguns militantes no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos.
Parente de Cícero Guedes chora pelo assassinato a tiros do líder, no dia 26: até agora, um suspeito foi preso | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

“O assentamento não é mais um lugar seguro. O conflito de terra em Campos é histórico, mas agora tem elementos urbanos como o tráfico de drogas. Essas pessoas que foram para o Programa de Proteção são testemunhas-chave e precisam ser preservadas”, afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), que na terça-feira vai se encontrar com a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, para tratar sobre segurança pública em Campos.

O MST regional confirmou que pessoas foram retiradas de Cambahyba, mas não quis falar em números. A primeira morte investigada foi a do líder do movimento Cícero Guedes, 48 anos, no dia 26 de janeiro.

Ele foi executado com cerca de 10 tiros. Alguns dias depois, a lavradora Regina dos Santos Pinho, 56, também foi assassinada. As vítimas eram do assentamento Zumbi dos Palmares.

De acordo com o ouvidor agrário do Incra, Pablo Pontes, o órgão chegou a ser procurado pelo MST para que ajudasse na remoção de acampados de Cambahyba.

“Expliquei que, se há risco, a polícia deve ser comunicada. O Incra não pode pegar pessoas ameaçadas e colocar num carro para levá-las para outro lugar”, afirmou Pontes.

Assentamento Cambahyba, em Campos: chefe de Polícia será avisada sobre insegurança | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

Incra cadastra famílias

A partir desta semana, o Incra vai cadastrar as 163 famílias que estão na ocupação Cambahyba, alvo de disputa do MST com os herdeiros da antiga usina de moer cana. O processo vai ajudar o órgão a identificar quem são as pessoas que estão nos lotes, que correspondem a oito fazendas, em 3,5 mil hectares.

Acusado de ser o mandante da morte de Cícero, o funcionário público José Renato Gomes de Abreu, 45, vivia em Cambahyba, onde se passava por integrante do MST.

“O cadastramento é importante, porque a gente pega os documentos do interessado em ter um lote e cruza com informações de outros órgãos. Ali, levanta-se a ficha da pessoa”, explicou o ouvidor do Incra, Pablo Pontes.

Em nota, o MDA assegurou que tem acompanhado as investigações sobre o homicídio de Cícero e enviou ofícios para a Secretaria de Estado de Segurança do Rio, a Delegacia de Polícia Civil local e o delegado de Polícia Civil especializado em conflitos agrários do Estado.

A Anistia Internacional também pediu às autoridades prioridade nas investigações das mortes em nota pública.

FONTE: http://odia.ig.com.br/portal/rio/mst-retira-l%C3%ADderes-amea%C3%A7ados-de-morte-em-campos-1.549824