Para quem pensa que os mega-eventos esportivos estão apenas trazendo destruição de escolas e museus, remoções de vizinhas inteiras, e realização de obras a custos estratosféricos, a prova de que não há limites para a sanha de arrasa quarteirão que se apoderou da cúpula que controla a realização destes eventos acaba de aparecer.
Abaixo segue firme manifestação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC) contra a tentativa do Sr. Carlos Alberto Nuzman de vedar o uso da palavra "olimpíada" para denominar competições científicas, como ocorre em todo o resto do mundo, mesmo naqueles países que estejam sediando os tais Jogos Olímpicos.
Agora como fica claro, essa trupe não quer monopolizar apenas setores da cidade e o uso dos equipamentos que estão sendo construídos. Não, eles querem monopolizar até o uso da língua!
Mas a leitura da carta abaixo deixa evidente que, pelo menos nessa arena, o Sr. Nuzman vai dar com os burros na água. Não é muito, mas já é um começo!
SBPC e ABC se manifestam em carta encaminhada ao COB
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) encaminharam carta ao presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, em defesa da liberdade de uso da palavra "olimpíadas" para designar competições científicas. O documento classifica como despropositada a proibição do COB nesse sentido.
As instituições argumentam que a palavra é empregada mundialmente para designar competições científicas como International Mathematical Olympiad, Math Olympids for Elementray and Midde Schools, The British Mathematical Olympiad Sibtrust, e Science Olympiad.
A seguir, transcrevemos a íntegra do documento:
"Ilustríssimo Senhor
CARLOS ARTHUR NUZMAN
Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)
Senhor Presidente,
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade civil, sem fins lucrativos nem cor político-partidária, que atua em defesa do avanço científico e tecnológico do Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), receberam com espanto e indignação a informação de que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) notificou extra-judicialmente a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pelo uso supostamente indevido da palavra "olimpíada", no nome da competição que organiza, a Olimpíada Nacional em História do Brasil.
Ninguém ignora a importância dessas competições científicas - no país já existem 18 delas - para a divulgação da ciência e o aumento do interesse dos jovens pelas atividades científicas, o que é fundamental para o desenvolvimento tecnológico de qualquer nação e o bem estar econômico e social de sua população.
Sem esquecer que jovens que vencem as olimpíadas nacionais depois vão participar de competições internacionais. E muitos deles têm se destacado, contribuindo para divulgar o nome do Brasil e da ciência e educação do país. É o caso, por exemplo, do jovem Matheus Camacho, de 14 anos, aluno de uma escola de São Paulo, que acaba de conquistar em Teerã, uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Ciências, concorrendo com estudantes de 28 países.
Por isso, a proibição do uso da palavra "olimpíadas" para designar competições científicas é uma situação que se configura mais despropositada ainda, quando se sabe que a palavra é empregada mundialmente para designar competições científicas, tais como International Mathematical Olympiad, Math Olympids for Elementray and Midde Schools, The British Mathematical Olympiad Sibtrust, Science Olympiad, entre muitas outras.
Assim, a SBPC e a ABC não concordam com a decisão do COB de ter a exclusividade do uso da palavra "olimpíada", pois significará um retrocesso trazendo em prejuízo a todas as tradicionais olimpíadas educacionais (matemática, ciências, língua portuguesa, química, astronomia entre outras) que se realizam no Brasil há anos.
Sempre prontas a defender a ciência e a educação brasileira, a SBPC e a ABC subscrevem,
Atenciosamente,
Helena B. Nader
Presidente da SBPC
Jacob Palis