A matéria abaixo publicada pelo portal de notícias OZKNews (Aqui!) dá conta que as coisas não andam enroladas, melhor dizendo atrasadas, para Eike Batista apenas no Porto do Açu. Agora é a reforma do majestoso Hotel Glória que não ficar pronta para atender o fim precípuo do financiamento que foi dado pelo BNDES, qual seja, atender os que vierem assistir aos jogos da Copa de 2014.
O incrível é que mais esta obra atrasada foi financiada de forma subsidiada com recursos advindos do FGTS e do FAT. Eu não sou matemático, mas vai ter uma hora que essa conta não vai bater e arriscamos a ver um processo de calote aos trabalhadores que forem tentar sacar os seus recursos.
Após receber R$ 200 mi de verba da Copa, empresa de Eike não garante entrega a tempo
por Leonardo Ferreira
O Hotel Glória, no Rio de Janeiro, de propriedade da REX, do empresário Eike Batista, não estará com seus 231 quartos em operação durante a Copa do Mundo 2014. A REX tomou empréstimo de R$ 200 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) em agosto de 2010 para reformar o hotel. Os recursos são da linha ProCopa Turismo do banco estatal, que deveria financiar exclusivamente obras de interesse para a Copa do Mundo.
Uma fonte do governo federal, porém, afirmou que o hotel, que se encontra fechado, não terá sido reinaugurado até o início do Mundial, em 12 de junho de 2014. Procurada pela reportagem, a REX não confirmou nem desmentiu a informação. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa afirmou tratar-se de “assunto estratégico”.
Quando tomou o financiamento estatal, em 2010, a empresa de Eike estimava ser capaz de concluir a reforma até o final de 2011. O hotel fora adquirido pelo empresário em 2008. Durante o ano de 2011, porém, a obra ficou parada por mais de dois meses. A REX, então, passou a anunciar que a obra seria concluída no primeiro semestre de 2013, ainda a tempo de o hotel estar funcionando durante a Copa das Confederações, em junho de 2013.
Meses depois, sem explicar o motivo, a REX passou a dizer que o hotel estaria pronto para a reinauguração no final de 2013. Já no ano passado, uma nova data foi anunciada: o Hotel Glória, rebatizado como Gloria Palace, teria suas obras concluídas “no primeiro semestre de 2014″.
Procurada para saber se o hotel estaria aberto e recebendo hóspedes durante a Copa de 2014, a empresa respondeu que “a obra estaria concluída no primeiro semestre de 2014″. A reportagem insistiu em saber se o hotel, cuja reforma é financiada com recursos públicos para estar pronta antes do início da Copa, estará efetivamente recebendo hóspedes durante o Mundial.
A resposta foi que “o Gloria Palace será inaugurado em soft opening no primeiro semestre de 2014, após a conclusão das obras civis”. A expressão “soft opening” designa o período que antecede a inauguração oficial de um empreendimento, como um hotel ou um restaurante. É quando uma empresa inicia suas atividades de forma reduzida, para o treinamento de funcionários e implantação de processos.
Perguntada sobre quanto tempo duraria, no Hotel Glória, o período de “soft opening”, bem como quantos quartos estariam disponíveis aos hóspedes durante a Copa do Mundo, a REX não respondeu, novamente alegando tratar-se de “informações estratégicas”.
Dinheiro subsidiado
O BNDES ProCopa Turismo financia até 80% de obras de hotéis, seja para reforma ou para construção, não havendo um teto para o empréstimo. A reforma do Glória foi inicialmente orçada em R$ 200 milhões, e o BNDES financiou R$ 146 milhões. Posteriormente, o custo foi revisto, e o financiamento estatal passou a ser de R$ 200 milhões. As condições do financiamento são vantajosas para o tomador do empréstimo.
Os prazos de pagamento do financiamento vão de dez a 18 anos, dependendo do tipo de obra e do perfil do demandante. Os juros variam entre 6,9% e 8,8% (incluindo a taxa de risco), dependendo do porte da empresa e do grau de sustentabilidade e eficiência energética do empreendimento. É preciso apresentar garantias de pagamento no valor de até 130% do valor do financiamento.
Em setembro do ano passado, o BNDES informou a ampliação – de R$ 1 bilhão para R$ 2 bilhões – do orçamento da linha de crédito. O banco justificou a decisão salientando que a alteração “deve-se à expressiva procura do setor hoteleiro pelos recursos”.