quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Opinião desinformada é pior que sal nos olhos dos outros


Eu não sei quem orienta cientificamente os atuais escribas que respondem pela coluna PONTO FINAL do Jornal Folha da Manha, mas a coluna deste 31.01.2013 (que é mostrada na imagem acima) incorreu em vários erros científicos lamentáveis ao ensejar uma defesa do Porto do Açu. Aliás, defender ou não o mega-empreendimento pode ser um ato legítimo daqueles que desejam a melhoria do processo de desenvolvimento econômico da região Norte Fluminense, e dos municípios de São João da Barra e Campos dos Goytacazes.

Mas há que se ter argumentos plausíveis e sustentáveis seja qual for o lado que se esteja tomando em qualquer, e a questão da Ação Civil Pública impetrada pelo Ministério Público Federal para suspender as obras do Porto do Açu até que as devidas salvaguardas sejam adotadas não foge à regra.

De modo direto é possível afirmar de forma irretocável que o processo de salinização em curso no V Distrito de São João da Barra não tem ABSOLUTAMENTE NADA A VER com os processos em curso na foz do Rio Paraíba do Sul. Aliás, se existe algo similar é a intrusão de água salina sobre  corpos aquáticos. A diferença é que no caso do V Distrito a água salina foi introjetada nas áreas continentais por máquinas e dutos que a própria LLX já mostrou, enquanto que os processos ocorrendo na foz do Rio Paraíba do Sul resultam de um somatório bem mais complexo de variáveis.

Além disso, já que se falou na penetração da cunha salina dentro do canal principal do Rio Paraíba do Sul há que se lembrar que há um outro processo, que não tem nada a ver com o pedido de suspensão das obras do Porto do Açu. Nestes segundo processo, o MPF pede que não haja a transposição das águas do Paraíba do Sul para a área do porto, justamente por causa da possibilidade de que isto sim poderá aumentar a intrusão de água do mar dentro da sua calha principal.

Como já há um corpo de pesquisadores capaz de separar um sal do outro, o desejável é que os responsáveis pela coluna consultam os especialistas da área, até para não ver seus argumentos pró-Porto do Açu invalidados pela falta de base científica.