quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Na questão da salinização do Açu, a LLX dá uma de Chacrinha: não explica e só complica


Em resposta à devastadora da matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, a empresa LL (X) respondeu ao veículo paulista em nota oficial (Aqui!). Mas como era de se esperar, a LL (X) não se explicou com base naquilo que há de mais contundente nos resultados dos estudos feitos pelo Laboratório de Ciências Ambientais da UENF, qual seja, dados. De nada adianta a empresa vir a público dizer que realiza suas próprias coletas cujos resultados desmentem os obtidos pelos pesquisadores da UENF se não os dados não são mostrados. E aqui aparece uma questão fundamental deste debate: na ciência determinadas verdades só são disputadas com base em dados válidos e devidamente publicizados. Do contrário, ficamos com o que tem possui validade e publicidade.

Outro detalhe que me parece curioso é a afirmação de que a LL (X) contratou uma fundação privada associada à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro para monitoramento dos canais Quitingute e Andrezza.  Agora vamos que esta fundação, a FAPUR, venha a público com seus dados. Do contrário, também ficaremos numa condição em que os únicos dados validados e publicizados serão os da UENF, que são aqueles que demonstram de forma cabal que a construção do Porto do Açu está sim causando um agudo processo de salinização de águas e terras no V Distrito de São João da Barra.

Finalmente, o que deixa mesmo pasmo é o silêncio dos órgãos ambientais que deveriam estar monitorando o avanço das obras do Complexo do Açu. Mas tanto o IBAMA como o INEA permanecem em silêncio olímpico como se o problema não fosse com eles. O caso do INEA é especialmente grave, pois como órgão que emitiu as licenças ambientais o mesmo tem a obrigação legal de acompanhar o cumprimento das medidas de controle e de reparação que a construção do empreendimento traria. Agora que a vaca está indo para um brejo salgado o INEA adota a postura do silêncio. Como neste debate a única postura cabível  seria contestar ou confirmar os dados da UENF até se entende o mutismo. Agora, vamos ver como ficam o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal diante destes novos desdobramentos. Ao que tudo indica, não ficarão mudos como o INEA. Aliás, muito pelo contrário.