segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

EDUCAÇÃO PRIVADA: UM NEGÓCIO RUMO À OLIGOPOLIZAÇÃO


A tendência atual do Capitalismo é a formação de grandes oligopólios, onde um pequeno número de corporações controlam setores inteiros da economia.  Esta já era a realidade em vários setores estratégicos no Brasil,  mas agora parece que chegou a hora da Educação,como mostra o artigo publicado pelo Jornal Valor Econômico que segue abaixo.

Esta tendência à formação de oligopólios na área de Educação é especialmente preocupante, não apenas pelos efeitos pedagógicos porque as corporações privadas tendem a rebaixar a qualidade do material oferecido, mas também porque significará uma pressão ainda maior para que as universidades públicas sejam privatizadas e incorporadas ao patrimônio privado destas corporações.

Fusões batem recorde no setor de educação
Por Beth Koike e Luciano Máximo | De São Paulo

O movimento de fusões e aquisições no setor de ensino privado bateu recorde no ano passado. Só as operações - cerca de 20 - realizadas por quatro empresas de capital aberto movimentaram R$ 2,4 bilhões. No total, ocorreram 27 transações, mas não há dados precisos sobre as que envolveram instituições menores e de capital fechado. Nunca houve um valor tão alto no país, pelo menos desde 2007, quando os grandes grupos de ensino começaram a abrir seu capital e passaram a tornar públicas suas contas. Em 2012, o setor deve continuar registrando negócios, porque existe ainda espaço para consolidação no ensino fundamental e médio, afirma Luís Motta, sócio da KPMG.

O valor recorde de transações foi puxado pela mineira Kroton, que comprou por R$ 1,3 bilhão a Universidade do Norte do Paraná (Unopar), líder no segmento de ensino a distância. Essa foi a maior operação já fechada no setor de educação no país. Outro grande negócio foi a compra da Uniban, de São Paulo, pela Anhanguera, por R$ 510 milhões. A Anhanguera é o maior grupo de ensino do país, com 292 mil alunos. A Kroton, vice-líder, tem 264 mil. O mercado nacional de educação superior tem 5,3 milhões de alunos, sendo 75% em faculdades particulares. A movimentação no setor também foi motivada pela retomada dos investimentos da britânica Pearson e da brasileira Abril Educação.

O recorde anual em número de transações foi em 2008, com 53 fusões e aquisições, quando várias empresas abriram capital na bolsa e foram às compras. Mas naquele ano os negócios envolveram volumes financeiros menores.

Outra característica do mercado brasileiro de educação é a expansão do ensino técnico. A procura por esses cursos aumentou mais de 50% nos últimos cinco anos. Entre 2005 e 2010, a participação das matrículas em escolas técnicas sobre o total verificado no ensino médio regular passou de 8,2% para 13,6%, atingindo 1,14 milhão de alunos. Em 2011, esse percentual deve ter subido para algo entre 15% e 18%, pela estimativa do titular da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec-MEC), Eliezer Pacheco. A expansão das matrículas se dá tanto pela ampliação da rede pública quanto nas escolas particulares.