Trata-se de uma imprensa de mercado rastaqüera, totalmente leviana e descompromissada com o Brasil. Adere a qualquer ação, pessoa, grupo ou interesse que, de uma forma ou de outra, favoreça a efetivar uma oposição aos governos trabalhistas, mesmo se tal imprensa alienígena ganhar muito dinheiro, bem como o mundo empresarial em todos seus setores e segmentos. O setor econômico de mídias vive um apagão de idéias e se alicerça no pensamento de seus "especialistas" do mundo acadêmico e da comunicação jornalística, geralmente retrógado, reacionário e completamente desleal intelectualmente.
A imprensa comercial e privada brasileira é o embuste de si mesma. Ela conspira e boicota, porque é golpista, entreguista, colonizada, e, antes de tudo e qualquer coisa, a imprensa burguesa é uma farsa. Ponto. Associou-se, instantaneamente, aos interesses dos grandes empresários controladores há décadas de terminais dos portos. Aliou-se aos lobistas nacionais e internacionais, que ganham muito dinheiro por intermédio de favorecimentos e corrupção do setor alfandegário junto ao setor de importação e exportação, e percebeu rapidamente que até mesmo alguns sindicatos e líderes sindicais, com medo de perder influência, mordomias e "parcerias" com esse mundo empresarial, voltaram-se contra a MP dos Portos.
Contudo, e, sobretudo, a imprensa corporativa apoiou e deu voz aos políticos do PSDB, do DEM, do PPS e do PMDB, do governador fluminense Sérgio Cabral, na pessoa do deputado Eduardo Cunha, que, seguramente, transformou-se nesse processo em instrumento de retaliação de Cabral, insatisfeito que está com a presidenta Dilma Rousseff e com o PT, que resolveram apoiar a candidatura do senador Lindbergh Farias para o Palácio Laranjeiras.
O candidato do governador do Rio de Janeiro, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, não decolou. O ex-governador, o deputado Anthony Garotinho (PR), e o petista, senador Lindbergh, são os favoritos para vencer as eleições de 2014, fato este que levou o PT (leia-se Lula e Dilma) a refazer suas avaliações, ainda quando se sabe que o Rio de Janeiro é o segundo estado mais poderoso da Federação, bem como sua capital é a cidade internacionalmente mais conhecida do Brasil, sede de jogos da Copa do Mundo, das Olimpíadas de 2016 e de incontáveis eventos políticos, religiosos, culturais, artísticos, empresariais e esportivos.
A retaliação de Sérgio Cabral ao Governo Federal tem fundo paroquial. Sua atitude mostrou a pequenez do político como governante, bem como sua alma tucana, a exemplo do prefeito Eduardo Paes, com origem no PSDB. Cabral e Paes perceberam que a aliança com os presidentes Lula e depois Dilma transformariam o Rio de Janeiro em um canteiro de obras. Além disso, o Estado fluminense e a cidade carioca são os dois destinos que mais receberam recursos orçamentários em todo o planeta. Essa realidade é fato, e não ilusão.
Não existe contrapartida. A ingratidão é imensa, e Cabral não se fez de rogado para retaliar e, consequentemente, prejudicar a votação de MP dos Portos, o que poderia ser evitado com um simples telefonema para o deputado Cunha, líder do PMDB na Câmara. Em nenhum momento, o governador do Rio afirmou em público ou pela imprensa que é contra a MP, por qualquer motivo que seja. Então, o que resta a pensar é que Sérgio Cabral está inconformado com a tibieza da candidatura Pezão e o crescimento do petista Lindbergh Farias, como candidato do PT ao Governo do Rio, além, não podemos esquecer, das polêmicas e dos embates no que concerne aos royalties de petróleo, que fizeram muitas vezes o governador ser açodado em suas críticas contra os presidentes Dilma e Lula, este responsável maior pelo Rio de Janeiro receber recursos bilionários, recuperar sua autoestima e se tornar em uma locomotiva econômica que chama a atenção do Brasil e do mundo.
Eis que, como lobos à espera de dar a emboscada, as lideranças do PSDB, do DEM (o pior partido do mundo) e do PPS, a ter o PSOL como apêndice, aproveitam-se da conduta do líder do PMDB, Eduardo Cunha, parlamentar monitorado por Sérgio Cabral, para mais do que tentar obstruir a votação da MP tão necessária à modernização dos portos, tentam, em vão, tirar a proposta da pauta de votações, e, por conseguinte, inviabilizar o projeto do Governo Central de acabar com um dos maiores gargalos da nossa economia, que se traduz na pouca efetividade dos portos, do controle de seus terminais por empresários que não pensam no País e na dificuldade de escoamento da gigantesca produção brasileira, por motivo de ainda o Brasil enfrentar problemas de infraestrutura, apesar dos avanços sociais e econômicos comprovados pelos índices e números do IBGE, do Banco Central, da Fundação Getúlio Vargas e do Ministério da Fazenda. Por isso, que a MP dos Portos é importante, ao ponto de fazer com que Dilma pedisse, em público, que os deputados a aprovassem.
A direita brasileira é uma das piores do mundo, afinal ela é, incontestavelmente, a herdeira da escravidão e protagonista de golpes de estado. Ou algum patrício tem dúvida? Todavia, uma coisa eu reconheço: a direita não desiste do seu papel histórico, que é o de tentar obstruir, e se puder para todo o sempre, o desenvolvimento econômico do Brasil e a emancipação do povo brasileiro. Como perdeu no plenário da Câmara, porque não tem maioria, e o Senado, impreterivelmente, aprovou também a MP dos Portos, a direita brasileira resolve usar mais uma vez como recurso para sua derrota política o STF, onde atua juízes conservadores como o Gilmar Mendes, que novamente está em pé de guerra com o Congresso Nacional.
A direita eleitoralmente derrotada e que, por intermédio do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), anuncia que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal para interromper a aprovação da MP dos Portos pelo Congresso, pelos seus colegas parlamentares, eleitos que foram pela soberania do povo. O senador tucano Aloysio, que foi militante da esquerda armada, dobra-se aos interesses do establishment e tenta repetir o que o juiz Gilmar Mendes fez, há alguns dias, em relação ao projeto aprovado pelo Senado, que dispõe sobre a limitação da criação de partidos políticos.
Gilmar Mendes, que para mim é a herança maldita de FHC – o Neoliberal I -, abriu uma crise enorme com o Congresso, que apenas está a tratar de seu papel constitucional, que é o de legislar e aprovar ou não, constitucionalmente e soberanamente, os projetos que são apresentados para ser votados. Criar outra crise é a esperança da oposição, além de, evidentemente, tentar reverter mais uma derrota no tapetão do Supremo. Trata-se da busca constante da judicialização do processo político. A direita foi mais uma vez derrotada. Os portos vão ser modernizados. O choro é livre! É isso aí.