Velejador diz que projeto de reforma da Marina da Glória, do empresário Eike Batista, se preocupa mais com a parte imobiliária do que náutica
Por Leonardo Filipo, Rio de Janeiro
Torben Grael continua preocupado com a Marina da Glória (Foto: Helena Rebello / Globoesporte.com)
Do alto de sua experiência olímpica, Torben Grael não vê bons ventos entrando na Marina da Glória. O local onde será disputada a vela nas Olimpíadas de 2016 está à espera de uma polêmica revitalização, a cargo da REX, empresa do empresário Eike Batista. Se o local vai ficar pronto ou não para os Jogos, isso não preocupa o dono de cinco medalhas olímpicas. Torben pensa mesmo é no que vai ficar para depois:
- A situação da Marina me preocupa. Mas não é se vai ficar pronta ou não para os Jogos. Mas de não ter previsto na reforma um centro de treinamento definitivo para a vela, coisa que qualquer país que sedia os Jogos acaba realizando. Os atletas não estão sendo ouvidos. Isso é uma coisa interna deles. Eu, Lars (Grael, seu irmão) e outras pessoas fomos a uma apresentação deles, mas eles não consultam ninguém sobre isso. Estão muito mais preocupados com a construção do centro de eventos e com a remodelação da parte imobiliária do que com a parte náutica - criticou Torben, nesta segunda-feira, durante a assinatura do convênio entre COB e Escola Naval, no Rio de Janeiro.
Nesta terça-feira, às 10h, na Assembleia Legistaltiva, no Centro do Rio, os atletas e outras classes terão nova chance de serem ouvidas. Uma audiência pública, a terceira, será realizada a pedido do deputado Marcelo Freixo (PSOL). Nela estarão presentes representantes do Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) a Secretaria Municipal de Urbanismo, a Secretaria Municipal de Conservação, a FAM Rio (Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro), a Assuma (Associação de Usuários da Marina da Glória), o professor do departamento de História da Arquitetura da UFRJ, Pedro Augusto Lessa, além da empresa EBX - responsável pelo projeto.
Projeto olímpico da Marina da Glória: preocupação com a parte náutica (Foto: Divulgação)
Outro fator que segue preocupando Torben é a poluição da Baía de Guanabara. Mesmo que os velejadores brasileiros estejam acostumados, os estrangeiros, não. O perigo de um pedaço de lixo influencie o resultado de uma regata em 2016 é real.
- É algo que estamos acostumados, mas é um problema. Porque também entra o fator sorte. Estamos acostumados a ter o olho para não pegar uma coisa no barco. Mas quando pega prejudica a performance. Temos que fazer tudo o que for possível para amenizar isso durante os Jogos. Seria um vexame se tivermos atletas reclamando que perderam por causa da poluição - concluiu.