Como eu havia aventado na minha postagem "O anti-garotismo se desespera e Garotinho nada de braçadas" Aqui!, o embate ocorrido no Congresso Nacional em torno da MP dos Portos está aumentando a expectativa de que o (des) governador Sérgio Cabral vai ter que engolir dois palanques nas eleições de 2014. Pelo menos é isto que sugere a matéria abaixo, de autoria do jornalista Cristian Klein, que foi publicada pelo Jorna Valor Econômico.
Como diz Cristian Klein o espaço de manobra de Sérgio Cabral acaba de ser encurtado e não seria fora de questão que nesse jogo eleitoral Garotinho acabasse sendo o segundo palanque e não Pezão. Afinal, se Cabral é conhecido por ser pirracento, Dilma Rousseff é conhecida por ser implacável. E como Eduardo Cunha criou uma montanha de problemas na questão da MP dos Portos a mando de Sérgio Cabral, eu não ficaria surpreso se Pezão acabar pagando o pato.
Afinal, além de Pezão ser um candidato "pesado", Cabral não é lá muito amado pelo povo fluminense. Dai que a combinação entre Anthony Garotinho e Lindbergh Farias se torna bastante possível. Se isso acontecer, quero ver como ficam os petistas em Campos dos Goytacazes. Já os apoiadores do (des) governador Sérgio Cabral nem precisa pensar muito: vai ser desespero puro!
Proposta para portos afeta jogo eleitoral no Rio
Por Cristian Klein | De São Paulo
Defensor da MP do Portos, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) aproximou-se do governo federal na arena de gladiadores em que se transformou a Câmara. Garotinho já havia agradado Dilma Rousseff ao vestir a armadura e entrar em rota de colisão com o desafeto da presidente, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), principal adversário da aprovação da medida provisória. Na sessão tumultuada de anteontem, o ex-governador do Rio travou outro duelo, desta vez com um medalhão da oposição, o ruralista Ronaldo Caiado (DEM-GO), que chegou a chamá-lo de chefe de quadrilha.
Garotinho tem um currículo suspeito mas, com a defesa aguerrida da MP, constrói pontes também na arena eleitoral e pode abrir mais um palanque para Dilma no Rio de Janeiro na eleição presidencial do ano que vem.
O deputado é pré-candidato ao governo do Estado e tem uma relação turbulenta com os petistas. O PT foi seu primeiro partido e lhe forneceu a vice Benedita da Silva, na vitória de 1998, quando ainda estava no PDT de Leonel Brizola. Desde então, Garotinho já foi para o PSB, o PMDB e hoje está no PR. É um político de atuação independente e pouco previsível. Depois de virar sombra do que já foi, seu objetivo político é recuperar parte do espaço perdido para o governador Sérgio Cabral, que sucedeu ao mandato testa de ferro de sua mulher, Rosinha Garotinho, e forçou seu grupo político a sair do PMDB. Ex-correligionário, Cabral é seu maior adversário.
Com a aproximação com o PT, Garotinho cria um problema para o governador, que tem ameaçado não apoiar a reeleição de Dilma caso os petistas decidam lançar o Senador Lindbergh Farias em vez de aderir a seu candidato, o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). A ameaça de Cabral torna-se menos crível na hipótese de um aceno de Garotinho ao PT. Caso Dilma mantenha alta sua popularidade, poderia ser cabo eleitoral eficiente nos palanques de Lindbergh e Garotinho, com quem tem em comum a passagem pelo PDT na década de 1980. É difícil imaginar que Pezão não vá pelo menos ao segundo turno. Mas só o desenho do cenário já seria suficiente para reduzir o poder de dissuasão de Cabral sobre a candidatura própria dos petistas. O fator Garotinho reduz a margem de manobra do governador, que pode ser obrigado a fornecer o segundo palanque a Dilma em 2014. Neste caso, sob a condição de afastar o deputado do jogo. Ou seja, Garotinho tornou-se o instrumento útil para o PT desafiar a hegemonia do PMDB fluminense.
É o mesmo PMDB cuja bancada tem como líder o deputado Eduardo Cunha, que tira o sono da presidente desde os embates de 2011 sobre os cargos de direção da estatal Furnas Centrais Elétricas. A atuação de Cunha na MP dos Portos se, por um lado, também é uma arma útil a Cabral, por outro, pode ser a gota d"água na paciência do PT com os pemedebistas do Rio.