Por André Borges | Valor
BRASÍLIA - O grupo de aproximadamente 140 índios que ocupa, desde a madrugada de segunda-feira, o canteiro de obras da usina de Belo Monte, tomou cinco ônibus de trabalhadores e dezenas de rádios de comunicação utilizados por funcionários do Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM). Informações locais dão conta de que os índios teriam utilizado os ônibus para bloquear uma das rotas de fuga do canteiro, uma saída de emergência em caso de evacuação em massa.
A reivindicação indígena é a mesma que levou à paralisação da obra há menos de um mês. Os índios querem a paralisação imediata das obras em andamento e planejadas para a região amazônica, e pedem que haja uma consulta prévia às aldeias antes de que qualquer processo de licenciamento seja iniciado.
A ocupação, teoricamente, deve acabar nesta tarde, conforme decisão do juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Batista Guedes, da Subseção Judiciária Federal de Altamira, que ontem determinou a reintegração de posse do canteiro Belo Monte, com um prazo de 24 horas para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) providencie uma saída pacífica e voluntária dos manifestantes. Líderes da ocupação, no entanto, já informaram que não pretendem deixar o local.
A internet passou a ser um instrumento de mobilização dos índios. Por meio de redes sociais, eles estão pedindo doações em dinheiro para que possam comprar geradores de energia e cartões de telefone para que possam carregar seus celulares e utilizar a web.
O CCBM nega que tenha cortado a luz do canteiro. Os índios, segundo o consórcio, estariam impedindo que os funcionários abastecessem os geradores com óleo diesel.