Valor foi considerado baixo e avalia as ações abaixo do nível atual negociado em bolsa
Gustavo Kahil, de
Divulgação
A OGX apresenta o balanço do primeiro trimestre amanhã, após o fechamento da bolsa
São Paulo – O mercado recebeu bem a notícia da venda de participação pela OGX (OGXP3) de 40% no Campo de Tubarão Martelo na Bacia de Campos para a malaia Petronas, anunciada ontem à noite em comunicado enviado ao mercado.
A reação na bolsa foi positiva e as ações operam em forte alta. Na máxima do dia, os papéis marcavam uma alta de 9,75% negociados a 2,14 reais. Apesar de a entrada de 850 milhões de dólares em caixa (ainda não está claro se o valor total será entregue à vista) aliviar a situação de liquidez da empresa, o valor foi considerado baixo pelos analistas.
Valor baixo
“Os valores indicados parecem abaixo de nosso valuation para as áreas envolvidas na transação. Acreditamos que a transação é positiva por reduzir o endividamento da OGX. Contudo, o valor baixo da transação e a baixa produção de petróleo sustentam nossa recomendação de venda”, indicam Pedro Medeiros e Fernando Valle, analistas da Citi Corretora. O preço-alvo do Citi é de 90 centavos e a recomendação é de venda.
A equipe do Itaú BBA vai na mesma linha. "Os investidores provavelmente receberão bem a entrada em caixa, porém o valuation implícito da transação aponta para um preço das ações menor do que aquele ao qual a OGX está atualmente sendo negociada", ressaltam Paula Kovarsky e Diego Mendes, em relatório. O preço-alvo do Itaú BBA é de 2,90 reais e a recomendação é "market-perform".
Isso acontece porque, considerando o valor da transação, o preço para cada barril estimado para a área (segundo o volume de 212 milhões de barris divulgado no último relatório da certificadora independente DeGolyer and MacNaughton de fevereiro de 2012) ficou em 10 dólares. Esse valor está 23% abaixo das projeções do Morgan Stanley e do que o mercado precificava.
Potencial da área
O banco americano ainda mostrou decepção com a estimativa de 212 milhões de barris para o campo apresentadas pela OGX no comunicado de ontem. O valor está bastante abaixo da expectativa de 285 milhões de barris informados pela empresa quando declarou a comercialidade da área em abril de 2012. Sem atualizações, o volume considerado foi mesmo o 2C (recursos contingentes de médio risco) já divulgado pela D&M em fevereiro de 2012.
“Esperávamos que um acordo de “farm-out” viria junto com um anúncio de revisão ou confirmação dos volumes recuperáveis para o campo e acreditamos que as incertezas sobre os volumes e produtividade continuarão a ameaçar”, afirmam os analistas Bruno Montanari e Guilherme Bellinetti, do Morgan Stanley.
O preço-alvo do banco americano é de 1,90 real e a recomendação “equal-weight”. Os analistas, contudo, já indicaram que irão revisar as estimativas da empresa após a transação.
O lado positivo
Para a equipe da Planner, o negócio é “muito positivo”. Os analistas apontam para a "melhoria da credibilidade do 'projeto', que foi bastante abalada pela perda das metas de produção e a entrada de recursos fundamentais para a continuação da campanha exploratória e o desenvolvimento da produção".
Além disso, entendem a entrada da Petronas como um certo “atestado de qualidade” dos ativos. A Planner tem um preço-justo de 2,60 reais e recomendação de manter.
O acordo divulgado ontem também prevê opção de a Petronas adquirir 5% do capital total da companhia, até abril de 2015, a um preço de 6,30 reais por ação de Eike Batista. A OGX apresenta os resultados do primeiro trimestre na quinta-feira, após o fechamento dos mercados. A teleconferência será realizada na sexta-feira, às 13h.