Valor Econômico
A escolha da consultoria Angra Partners para coordenar a reestruturação das empresas do grupo EBX, de Eike Batista, não aliviou as tensões dentro da própria holding do empresário. Na semana passada, várias pessoas pediram demissão da EBX. A saída de um grupo de cerca de cinco funcionários, incluindo um advogado, se deu em dia em que Ricardo Knoepfelmacher, sócio da Angra Partners, já desempenhava suas funções como novo responsável por conduzir a reorganização das empresas do grupo EBX.
Procurada, a direção da EBX informou que não iria comentar as informações sobre a saída dos empregados. Uma das dificuldades para os credores nas negociações com a EBX tem sido a mudança constante de interlocutores na holding, uma vez que tem havido uma debandada de executivos, alguns deles demitidos pelo próprio Batista.
Nos próximos dias, por exemplo, o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi e que é sócio da EBX, deve se reunir com Knoepfelmacher. "Ele [Knoepfelmacher] será o sexto ou sétimo interlocutor da EBX com os credores", contabilizou uma fonte.
O fundo Mubadala, apesar das dificuldades, tem interesse em encontrar uma solução para a crise nas empresas do grupo EBX. Em julho, o fundo, sediado em Abu Dhabi, reduziu sua exposição ao EBX de US$ 2 bilhões para US$ 1,5 bilhão.
Ricardo K, como Knoepfelmacher é conhecido, começou a trabalhar na EBX na semana passada. Ele chegou ao grupo em um momento delicado em que a holding continua a buscar saídas para a crise enfrentada pelas empresas controladas. A reestruturação da dívida de parte das empresas X está em uma fase crítica, sobretudo no caso da OGX e da OSX, a empresa de construção naval.
Causou surpresa em pessoas próximas ao grupo a entrada de Knoepfelmacher nas discussões no momento em que a OGX, a petroleira do grupo, tenta um arranjo com os detentores de bônus da companhia. Isso porque nessa negociação a EBX vinha sendo assessorada pelo BTG Pactual enquanto a OGX contratou a empresa de investimentos americana Blackstone para ajudá-la a preparar o modelo de renegociação com os credores.
A entrada da Angra Partners como consultora da EBX motivou versão segundo a qual o BTG poderia ficar de fora da reestruturação da holding de Batista. Fonte próxima do grupo disse, na sexta, que Angra Partners e BTG vão atuar de forma complementar: a consultoria na gestão e reestruturação da holding e o banco na assessoria de venda das empresas do grupo.
O banco de Esteves tem uma equipe própria trabalhando dentro da EBX, no Edifício Serrador, na Cinelândia, no centro do Rio.
Mas desde março, quando EBX e BTG assinaram um acordo de cooperação estratégica, pouca coisa foi implementada na parceria. O acordo original previa as seguintes ações: "aconselhamento financeiro, linhas de crédito e futuros investimentos de capital de longo prazo para projetos estruturantes do grupo [EBX]."
A parte do acordo que continua válida envolve contratos segundo os quais o BTG tem mandatos para fazer fusões e aquisições em várias das empresas do grupo EBX, como a mineradora MMX e a empresa de logística LLX. O BTG deve continuar com esses trabalhos, apesar de não ter participado, segundo fontes, das negociações com o gestor americano EIG, que se comprometeu a fazer um aporte de capital de R$ 1,3 bilhão na LLX.
A operação com a EIG foi anunciada em meados de agosto. O termo de compromisso acertado entre LLX e EIG deixou claro que o negócio, para ser concluído, depende de operações "precedentes" como a celebração de contratos definitivos, auditoria e aprovações regulatórias.
Um risco para o negócio, segundo uma fonte, seria se ao final do processo a EIG chegasse a uma avaliação diferente sobre a LLX, o que poderia levar à redução do valor da transação. Um executivo que conhece a LLX discordou. Disse que o acordo com a EIG segue o curso normal e está em fase avançada. "A transação com a EIG está nos detalhes finais", disse.