domingo, 22 de setembro de 2013

Debates assimétricos e as regras do jogo.


Estou ficando com a impressão que o debate que estou travando com o blogueiro Douglas da Mata está sendo atrapalhado pela minha incapacidade de me fazer claro. Afinal, o Douglas é uma pessoa inteligente, o que me faz pensar que eu é quem estou sendo pouco claro. Por outro lado, podemos estar enveredando por aquilo que Leon Trotsky chamava de náufragos que bebem a água do mar, apenas para ficar mais sedentos.

Primeiro, eu não expus meu drama familiar, pois a morte não é drama, é apenas um resultado prático e inevitável da vida.  O que eu expus foi o fato de que o tal "Mais Médicos" não resolverá a situação catastrófica em que se encontram o SUS.  E ao não resolver o problema do SUS, pois os "Mais Médicos" ficará concentrado nas regiões remotas, a maioria do povo brasileiro que se encontra aglomerado em grandes centros urbanos, continuará a sua saga diária de sofrimento em meio a um crescente sucateamento da rede pública de saúde, cuja raiz está na opção rentista do governo neoliberal comandado pelo PT.

Segundo, não sei onde o Douglas me vê como fugindo de uma definição ideológica. Eu sou há muito tempo um indivíduo guiado pela certeza que o Capitalismo é um sistema que precisa ser destruído, e não melhorado. Nos anos de 1980 estive diretamente envolvido na construção do PT, e sai de suas fileiras após avaliar que a imensa maioria de sua direção havia se rendido ao sistema de mercado. Atualmente apoio e voto em três partidos que considero de esquerda (PCB, PSTU, PSOL), e não estou dentro de nenhum deles por uma opção de atuação, que poderá ser revertida no futuro. E ai eu terei o maior prazer, inclusive, de convidar a todos para a minha filiação partidária. Mas até lá, sempre que chamado por qualquer um desses partidos, me disponho a apoiar as suas atividades. Em outras palavras, que mais preciso dizer para explicar a minha posição ideológica?

Terceiro, os meus pais viveram e morreram de forma digna, pois se sustentaram como trabalhadores, e seus filhos sempre estiveram com eles nos momentos decisivos. No caso da minha mãe, a opção pela espera da fila SUS foi fruto de uma opção médica. Agora, a questão que eu coloquei e que o meu colega blogueiro "fugiu dela como o diabo foge da cruz" foi a seguinte: ela teria que esperar menos nos dias de hoje por uma cirurgia do SUS? Um simples sim ou não resolveria, sem precisar apelar para nenhum subterfúgio estilístico.

Finalmente, pode-se dar qualquer explicação que se queira pela opção de Lula e da direção do PT de trocarem o programa histórico do partido por uma aliança com os setores mais arcaicos e reacionários da burguesia brasileira. Agora, foi isso o que aconteceu, opção essa que Dilma Rousseff aprofundou. Em suma, o PT hoje é um partido controlado por um programa burguês que avança políticas neoliberais e aprofundam a dependência brasileira em relação aos humores da economia mundial. Em função disso, apesar de todas as pirotecnias que os apoiadores possam fazer, a situação imediata e futura do Brasil é de estar submerso numa profunda sangria dos nossos recursos naturais, e um aprofundamento da extração da Mais Valia nacional. 

Será que agora consegui me explicar ou será preciso desenhar?