Para Manuela Carneiro da Cunha, Dilma cede à pressão dos ruralistas
A professora da USP e da Universidade de Chicago fala ainda em 'ofensiva sem precedentes' contra os índios no Congresso
RICARDO MENDONÇA, DE SÃO PAULO
A antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, uma das mais influentes estudiosas da questão indígena no país, acusa a gestão Dilma Rousseff de promover um desenvolvimentismo de "caráter selvagem", sem "barreiras que atendam a imperativos de justiça, direitos humanos e conservação".
Para ela, Dilma "parece estar cada vez mais refém do PMDB e do agronegócio".
Ao citar "uma ofensiva sem precedentes no Congresso contra os índios", chama a atenção para o projeto de lei --alçado ao status de urgência "com o beneplácito do líder do governo"-- que permitiria o uso de terras indígenas para várias finalidades, da instalação de hidrelétricas à reforma agrária. "Se passar, será a destruição dos direitos territoriais indígenas", diz.
Professora aposentada da USP e da Universidade de Chicago, Cunha também tem críticas ao Judiciário. Ela fala numa "tendência crescente e preocupante" de paralisar processos de demarcação em seu início. E estima que 90% das terras em fase de demarcação estão judicializadas.
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