O engenheiro defende que o leilão do Campo de Libra, marcado para 21 de outubro, mereceria um plebiscito bem organizado para a decisão ser tomada
do IHU On-Line
Apesar de a Petrobras deter 91% das reservas do petróleo brasileiro, os contratos de concessão assinados entre o Estado brasileiro e as petroleiras internacionais fizeram com que o país perdesse “1,54 bilhão de barris de petróleo” em 2012, “dos 15,72 bilhões de barris de petróleo”, informa o engenheiro Paulo Metri, em entrevista concedida àIHU On-Line por e-mail. Segundo ele, “as petrolíferas estrangeiras impuseram, como condição para virem para o Brasil, poder exportar o petróleo produzido. Os governos aceitaram e continuam aceitando esta condição. Assim, nenhuma refinaria é construída por elas no Brasil. A razão é óbvia, pois a maioria possui refinarias nos seus países de origem, que dependem do petróleo vindo do exterior”.
Metri explica que os contratos de concessão possibilitam que “100% do petróleo descoberto e produzido” fique com as concessionárias. Como resultado, acentua, “o país perde a possibilidade de utilizar, em acordos entre países como elemento de negociação, a garantia de fornecimento regular de petróleo no médio prazo”.
Na entrevista a seguir, Paulo Metri também critica o leilão de Libra, que está previsto para o dia 21 de outubro deste ano, o qual irá conceder áreas para a exploração de petróleo e gás natural na região do pré-sal, na Bacia de Santos. “Sobre este leilão, que corresponde à alienação de uma riqueza no valor de, no mínimo, US$ 1 trilhão, o povo não sabe de nada. Libra é um campo com as reservas razoavelmente medidas, então, não pode ser leiloado. Leilão é, na melhor das hipóteses, para blocos com perspectiva de existência de petróleo. Só no Iraque e no Brasil se leiloa petróleo conhecido existente no subsolo, sendo que, no Iraque, há tanques, caças e metralhadoras apontadas para os iraquianos. E aqui? O que tem apontado?”, questiona. Na avaliação dele, Libra “tinha que ser entregue à Petrobras, sem leilão, para esta assinar um contrato de partilha com a União, se comprometendo a remeter 80% do lucro líquido para o Fundo Social, o que nenhuma empresa privada fará”.
Paulo Metri é graduado em Engenharia Mecânica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro — PUC-Rio e conselheiro do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.
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