Essa discussão toda sobre o "Mais Médicos" me toca de perto por vários motivos. Sendo de uma família de trabalhadores, tive um pai que morreu num hospital público. Também tive uma mãe que morreu dentro de uma ambulância tentando ir para um hospital público. Os dois casos eram bastante complicados, e não considero que os servidores que os atenderam tiveram qualquer parcela de culpa nas suas respectivas mortes.
Agora, o caso da minha mãe foi mais emblemático, pois ela morreu quando se encontrava numa fila de espera eterna para uma simplória cirurgia de retirada de pedra no vesícula por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A razão da espera foi uma orientação médica que não teve como antecipar que o corpo debilitado da minha mãe aguentaria esperar seis meses por uma cirurgia tão simples.
Mas ai é que eu pergunto aos defensores do "Mais Médicos": minha mãe teria mais chance de estar viva hoje ou também acabaria morrendo na fila do SUS? Podem me chamar de ultra-esquerdista, mas desconfio que a demora seria a mesma ou ainda pior. Em suma, mais uma vez minha mãe morreria na fila de espera, como continuam morrendo incontáveis brasileiros pobres em hospitais sucateados, enquanto os banqueiros recebem quase metade do orçamento anual da União.