USINAS DE CAMPOS DOS GOYTACAZES JÁ SABEM QUANDO VÃO FECHAR DE VEZ: 2020
A atual safra do corte de cana-de-açúcar no município de Campos dos Goytacazes (RJ) começa nublada não apenas pelas nuvens de material particulado que levanta dos campos que estão sendo queimadas, mas de uma disputa entre os poucos usineiros que restam e o Ministério Público Federal.
É que uma notificação do MPF de Campos sugere, eu acho que é isso, que as usinas não recebam cana queimada, e só aceitem produto que tenha sido cortado por máquinas ou por trabalhadores sem o uso de fogo. Os usineiros, como seria de se esperar, estão gritando "foul" porque querem que o acordo de pai para filho assinado com o governo Sérgio Cabral, que é parar de queimar os campos de cana só em 2020, seja cumprido à risca até o seu prazo final.
A alegação dos usineiros é que se não puderem usar cana queimada, eles terão de fechar as poucas usinas que restam, e que, por causa disto, milhares de trabalhadores ficarão sem emprego, já que ainda não houve tempo para mecanizar os canaviais. Isto sem falar na suposta barreira imposta pela topografia, basicamente plana diga-se de passagem, impõe ao uso de máquinas.
Os usineiros só esquecem que o município de Campos dos Goytacazes se tornou nos últimos anos o principal foco de trabalho escravo do Brasil, e que esta suposta preocupação com trabalhadores desempregados não se segura. Afinal, se isso fosse for para levar a sério, milhares de trabalhadores não estariam ainda esperando receber seus direitos trabalhistas de anos passados, especialmente daquelas usinas que quebraram mas seus proprietários continuaram ricos. Já no que se refere à dificuldade de mecanização, o negócio é que o número atual de usinas e o péssimo estado em que se encontram não justificaria mesmo investimentos pesados em equipamentos. E tome chuva de fuligem e idas ao posto de saúde, especialmente para crianças e idosos.
A verdade é que o setor sucro-alcooleiro do norte fluminense, especialmente o de Campos dos Goytacazes, está apenas tentando ganhar outros 9 anos para poluir o meio ambiente. Afinal de contas, quando 2020 chegar só restarão duas alternativas: conseguir mais prazo para se adaptar à legislação ou fechar as portas. Ganha uma rapadura e um pote de melaço quem acertar o que vai acontecer!
