Briga no trânsito entre juiz e guarda municipal vira caso de polícia no RJ
Eles se desentenderam depois que ele se negou a usar cinto de segurança.
Guarda diz que foi xingada e agredida; juiz garante que foi vítima de agressão
Um desentendimento no trânsito entre um juiz e uma guarda municipal virou caso de polícia em Campos, no Norte Fluminense, na quinta-feira (26). Tanto o juiz quanto a guarda municipal foram ouvidos pela polícia e deram suas versões para o caso.
Uma testemunha, que prefere não se identificar e também foi ouvida, contou o que viu. “O rapaz começou gritando com a guarda e colocando o dedo na cara dela, entendeu? Falando que ela não era nada diante dele, e ele ainda deu uns empurrões nela, entendeu? Aí começou essa desavença toda aí. Eu achei ela até calma demais”.
A confusão aconteceu no Centro de Campos. A guarda municipal e o juiz criminal se desentenderam depois que ele se negou a usar o cinto de segurança. A orientação da guarda teria sido dada durante o trabalho que faz no trânsito diariamente. Na delegacia, acompanhada do coordenador de segurança e de Ordem Pública do município, ela disse ter agredida pelo juiz.
“Pedi que ele colocasse o cinto de segurança, para sua própria segurança. Só que ele agiu de uma maneira meio estranha, né? Disse que não ia colocar, que estava armado e eu automaticamente me posicionei. Não discuti, não fiz nada e fui notificar. Me xingou de tudo que foi nome e disse que ia acabar comigo. Foi uma situação constrangedora, humilhante”, conta a guarda municipal Simone Rangel.
Segundo ela, o juiz chegou a agredi-la. “Ele chegou a segurar a minha farda, chegou a puxar o meu braço e, enquanto eu andava, ele me xingava”.
Em sua defesa, o magistrado argumenta que deixou de usar o cinto de segurança por causa dos assaltos no trânsito e que a agressão teria partido da guarda.
“Já passei por vários problemas de ameaça, tenho que zelar pela minha segurança. Se eu estou dentro da cidade, no trânsito complicado, que você não tem disponibilidade de corre e entrar numa via ou outra, se entrar algum motoqueiro do meu lado, como se faz aí, eu não tenho disponibilidade nem de me jogar dentro do carro porque o cinto me prende. No momento ela não disse nada e eu achei que estava tudo resolvido. Quando o sinal abriu, eu parti e a vi multando. Eu retornei e ponderei novamente com ela. Me identifiquei e ela disse que estava multado e que eu ia ser notificado. Começou a alterar a voz e começou a me chamar, dizendo que eu a acompanhasse, que ia me levar na Guarda Municipal e depois começou a gritar dizendo que ia para a delegacia. Ligou para a Guarda Municipal para dar apoio a ela, que ia conduzir o juiz à delegacia. Aí eu disse ‘você não vai fazer isso. Quem vai te conduzir sou eu’”, argumenta o juiz Glaucenir de Oliveira.
O juiz disse ainda que foi agredido pela guarda municipal. Os dois já foram liberados e a assessoria do Tribunal de Justiça do Rio reafirmou a posição do juiz, que fez exame de corpo de delito e registrou a queixa contra a guarda. Ela deve responder pelo crime de desacato.