CHIQUITA BRANDS INTERNATIONAL É PROCESSADA POR FINANCIAR GRUPO PARAMILITAR DE DIREITA QUE ASSASSINOU MILHARES DE PESSOAS NA COLÔMBIA
A Chiquita Brands International é herdeira direta da United Fruit Company, a empresa que reinou soberana na América Latina durante a Guerra Fria
Durante grande parte do século XX, a United Fruit Company foi, muito provavelmente, a mais poderosa empresa multinacional da América. A United Fruit atuava na produção e exportação de bananas. Em função de seu poder econômico, a United Fruit Company conquistou uma posição de quase monopólio e expandiu-se com relativa facilidade por toda a América Latina. Muitos governos do continente viam no capital da United Fruit Company a possibilidade de crescimento e investimento, e concediam diversos incentivos para que ela se instalasse em seus territórios. A United Fruit Company construía ferrovias e portos ao se instalar num determinado país e, por isto, acabava controlando todo o processo de produção e exportação de bananas, fazendo com que em pouco tempo a economia dos países anfitriões ficassem sob seu controle. A influência da United Fruit Company junto ao alto escalão da CIA e do governo dos Estados Unidos acabou sendo utilizado para derrubar governos e combater revoltas contra os governos que apoiavam a empresa.
Desta influência da United Fruit Company nasceu o termo “Banana Republic” que foi utilizado para caracterizar os governos fantoches que foram instalados em toda a América Latina, mas principalmente na América Central onde estavam seus maiores plantios.
A United Fruit Company foi adquirida em 1968 pelo bilionário Eli M. Black que a rebatizou dois anos depois sob o novo nome de United Brands Company. Mas a United Brands Company acabou não rendendo o esperado, o que deixou a situação financeira de Black em condição desesperadora. Em três de Fevereiro de 1975, Black cometeu suicídio pulando de seu escritório no 44o andar do edifício da Pan Am, em Nova York. Mais tarde naquele ano, a Securities and Exchange Commission dos EUA expôs um esquema da United Brands (que foi apelidado de Bananagate) para subornar o presidente hondurenho Oswaldo López Arellano, com US $ 1,25 milhão, e a promessa de mais US $ 1,25 milhão para que o presidente hondurenho permitisse a redução dos impostos de exportação. O interessante é que López acabou sendo derrubado por um golpe militar patrocinado pela CIA.
Depois da morte de Black, a empresa trocou novamente de mãos em 1984,, quando outro bilionário, Carl H. Lindner Junior assumiu o controle da empresa e rebatizou-a novamente, agora sob o nome de Chiqueta Brands International.
Mas numa prova de que apesar da troca de nomes, as práticas autoritárias da antiga United Fruit Company continuam impregnadas na Chiquita, familiares de mais 4.000 mortos na guerra civil da Colômbia estão processando a empresa por supostamente ter desembolsado mais de US$ 25 milhões para o grupo paramilitar de direita, as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) que usaram estes recursos para perseguir camponeses e membros dos grupos guerrilheiros de esquerda. O caso contra a Chiquita Brands International foi reforçado pela liberação de mais de 5.000 páginas de documentos da própria empresa que demonstram a relação com as AUC.
Por sua vez, a Chiquita está alegando que o dinheiro dado às AUC era fruto da extorsão que a empresa sofria para que seus trabalhadores pudessem trabalhar em segurança. Mas metade do dinheiro foi desembolsada após o próprio governo dos EUA ter declarado em 2001 que as AUC eram um grupo terrorista.
A expectativa é que o conjunto dos processos que estão sendo movidos pelos familiares dos mortos possa custar bilhões de dólares à Chiquita. Se isto acontecer, os familiares dos mortos podem até não ter o reparo que merecem, mas certamente será um consolo.
Mais detalhes sobre esse assunto podem ser encontrados no site CBSNEWS usando o link http://www.cbsnews.com/stories/2011/05/31/national/main20067475.shtml?tag=strip