Estamos assistindo a uma série de eventos no norte fluminense cujo objetivo declarado seria estabelecer mecanismos que possam aumentar o controle social sobre as ações do Estado local. Para isto se fundam organizações sociais e se formam fóruns que clamam para si a tarefa de impor ao poder público municipal a adoção de mecanismos de controle que supostamente diminuiriam os eventos de corrupção e desperdício do dinheiro público.
Em torno desta tarefa aparentemente nobre e desinteressada se reúnem todo tipo de atores políticos, inclusive membros do Estado local que se pretende controlar em primeiro lugar. Este tipo de paradoxo, contudo, é festejado como sendo um avanço no controle "progressista" e "democático" do Estado e, quiçá, pode ainda ser um viés para impor o necessário controle sobre o avanço das grandes corporações capitalistas sobre nossas vidas.
Mas a verdade é que o controle do Estado e das corporações não é tão simples e, tampouco, aqueles que se arrogam controladores possuem a capacidade técnica, e menos ainda a representatividade política, de controlar qualquer coisa que seja. Na verdade, não raramente, os supostos controladores acabam mais tarde sendo incorporados ao sistema, e terminam servindo servilmente aos poderes que disseram queriam controlar.
A questão é que tanto o Estado como as corporações só reconhecem e temem apenas um tipo de controle que é aquele trazido pela ação organizada da classe trabalhadora, através de seus sindicatos e partidos. Enquanto a classe trabalhadora não estiver organizada e ativa não há qualquer esperança de que haja qualquer tipo de controle social, seja do Estado ou das corporações. Afinal de contas, apesar de ter tido sua morta prevista e celebrada como entulho teórico de um Marxismo derrotado, a velha e boa luta de classes é que continua ditando os ritmos e rumos das coisas. O resto é, no mínimo, perfumaria, quando não balcão de negócios.