Na sala de desembargador, gravura está ao lado de Dom Quixote Foto: Divulgação / João Damasceno
Rafael Soares
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça determinou um prazo até o meio-dia de hoje para a retirada da gravura “Por uma cultura de paz” do gabinete do juiz João Damasceno, da 1ª Vara de Órfãos e Sucessões. O quadro, do cartunista Carlos Latuff, mostra um PM atirando, com um fuzil, em um homem crucificado. O magistrado, entretanto, antes de ter a gravura retirada de sua sala por uma das diretorias do tribunal, decidiu por uma transferência de local: a obra foi pendurada na sala do desembargador Siro Darlan, local onde a decisão do Órgão Especial não tem efeito.
— Dei a gravura ao desembargador antes da decisão do Órgão Especial. É uma forma de proteger a obra — explica Damasceno.
O desembargador considera que promoveu “asilo a uma obra de arte”.
— O tribunal censurou uma obra. Eu somente concedi asilo artístico a ela. Minha sala é particular, quem se sentir insatisfeito, que vá ao presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reclamar — argumentou.
O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), que pediu à presidente do TJ, Leila Mariano, que retirasse a obra da sala do juiz, não ficou satisfeito com o “asilo” do desembargador. Bolsonaro vai encaminhar um pedido de investigação à corregedoria do tribunal.
— Lamento que juízes estejam usando seu tempo para difamar a PM — diz.