quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Tribunal de Justiça determina retirada de gravura polêmica de gabinete de juiz, mas obra só muda de sala


Na sala de desembargador, gravura está ao lado de Dom Quixote Foto: Divulgação / João Damasceno

Rafael Soares

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça determinou um prazo até o meio-dia de hoje para a retirada da gravura “Por uma cultura de paz” do gabinete do juiz João Damasceno, da 1ª Vara de Órfãos e Sucessões. O quadro, do cartunista Carlos Latuff, mostra um PM atirando, com um fuzil, em um homem crucificado. O magistrado, entretanto, antes de ter a gravura retirada de sua sala por uma das diretorias do tribunal, decidiu por uma transferência de local: a obra foi pendurada na sala do desembargador Siro Darlan, local onde a decisão do Órgão Especial não tem efeito.

— Dei a gravura ao desembargador antes da decisão do Órgão Especial. É uma forma de proteger a obra — explica Damasceno.

O desembargador considera que promoveu “asilo a uma obra de arte”.

— O tribunal censurou uma obra. Eu somente concedi asilo artístico a ela. Minha sala é particular, quem se sentir insatisfeito, que vá ao presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reclamar — argumentou.

O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), que pediu à presidente do TJ, Leila Mariano, que retirasse a obra da sala do juiz, não ficou satisfeito com o “asilo” do desembargador. Bolsonaro vai encaminhar um pedido de investigação à corregedoria do tribunal.

— Lamento que juízes estejam usando seu tempo para difamar a PM — diz.