quinta-feira, 4 de julho de 2013

O naufrágio de Eike e sua herança maldita no Açu

Idosa tem casa demolida pela Codin na Praia do Açu

Carlos Emir
Ermezilha com a escritura de compra e venda do imóvel

Ermezilha Pedrosa Rangel, 71 anos, procurou a Redação de O Diário para denunciar que está sendo vítima da "falta de respeito da Codin". A casa de Praia no Açu, em São João da Barra (SJB), construída pelo marido dela (já falecido) foi desapropriada e demolida pela Codin sem que o casal tivesse recebido qualquer aviso prévio. Apesar de mais de um ano da demolição, Ermezilha ainda não recebeu a indenização compatível com o valor do imóvel.


De acordo com a idosa, com muito sacrifício, o marido comprou um terreno no Açu, pagando as prestações nas décadas de 80 e 90. Entre 2005 e 2010 realizaram a conclusão da casa para a moradia, após a aposentadoria. Sem conter o choro, Ermezilha revelou que em meados de 2012, saiu de Campos com o marido para passar um final de semana na residência da praia, mas chegando ao local, o imóvel tinha sido demolido. "Meu marido, apesar de sadio e trabalhador, já era idoso e muito emotivo. Ele não aceitava a perda da casa como aconteceu e não suportou a angústia pela falta de respeito com a gente. Desde o dia em que passou mal ao se deparar com aquela cena revoltante, a nossa casa transformada num monte de entulhos sem nenhum aviso, o Moacyr (Leal Rangel), a partir daí, desenvolveu doença asmática de fundo emocional, teve complicações devido à constante falta de ar e desmaios. Numa das crises o quadro se agravou e veio a falecer em julho do ano passado, no hospital". 

Ermezilha conta que, após descobrir que a casa havia sido desapropriada pela Codin, iniciou uma verdadeira "via-crúcis" para receber a indenização pela área, com mais de 550 metros quadrados. "O máximo que consegui na Codin, em acordo com a OSX, foi uma oferta de R$ 19 mil na intermediação feita pelo Núcleo da Defensoria Pública, em SJB", informou.

A idosa reclama que, depois da morte do marido, tentou um acordo, mas nada foi resolvido. "Através da Defensoria Pública busquei resolver a situação com uma permuta. Sei que com R$ 19 mil não compro nem a metade de um terreno do tamanho do nosso, então sugeri ganhar uma casa com quarto, cozinha e banheiro, podendo até ser em terreno menor, numa região de praia em SJB, nos mesmos moldes do acordo com os produtores rurais que permutaram suas chácaras por áreas no Assentamento da Fazenda Palacete. Mas, a Codin e a Defensoria argumentam que não fazem permuta", finalizou Ermezilha.

Posicionamento nesta quinta

Por volta das 18h, a equipe de reportagem do Jornal O Diário entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Codin. No entanto, devido ao adiantado da hora, informou que os escritórios da empresa em SJB e também na cidade do Rio de Janeiro já se encontravam fechados, o que impossibilitou a localização dos documentos referentes ao caso de Dona Ermezilha. A Assessoria, porém, garantiu que nesta quinta-feira se posicionaria sobre os questionamentos da idosa.