Se dizendo incomodado com os manifestantes que acamparam durante dias na
rua onde mora, no bairro do Leblon, o governador do Rio
de Janeiro, Sérgio Cabral, defendeu que manifestações contra o governo devem
ser feitas pacificamente, mas em frente à sede do governo, o Palácio Guanabara,
em Laranjeiras; ele disse que tem estado em casa desde quando o acampamento de
manifestantes foi instalado, e reclamou: "Lamento, porque tenho filhos
pequenos, grandes, família, que ficam preocupados"
Isabela Vieira, Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O governador Sérgio Cabral disse
hoje (4) que se sentiu incomodado com os manifestantes que acamparam durante
dias na rua onde mora, no bairro do Leblon, área nobre da cidade. O grupo foi
retirado do local na madrugada de terça-feira (3) pela Polícia Militar. Mais
uma manifestação está prevista para esta noite em frente ao prédio onde redide
o governador.
Para ele, manifestações devem ser sempre
respeitadas. "Deve haver tolerância e respeito, mas isso não tem nada a
ver com acampamento na rua – nem na [Avenida] Delfim Moreira, nem na Aristides
Espíndola, nem na Irineu Marinho, nem na Rua Riachuelo, nem na Avenida
Copacabana ou na Avenida Brasil. Em lugar nenhum, pode-se tolerar o impedimento
do direito de ir e vir."
O governador disse que tem ficado em casa nas duas
últimas semanas, desde quando o acampamento foi instalado, e reclamou dos
transtornos. "Eu lamento, porque tenho filhos pequenos, grandes, família,
que ficam preocupados." Cabral reforçou que manifestações contra o governo
devem se feitas pacificamente, em frente à sede do governo, o Palácio
Guanabara, em Laranjeiras.
Ele aproveitou para lembrar que a democracia
é recente no país e que as manifestações fazem parte dela. "Todas essas
manifestações fazem parte de uma reflexão para o aperfeiçoamento da democracia.
Graças a Deus, ninguém marchou com Deus e a família, querendo o golpe",
disse Cabral, referindo-se a uma série de atos promovidos em março de 1964 por
setores conservadores da sociedade contra reformas anunciadas pelo então presidente
João Goulart. O
movimento culminou com a instalação do regime militar no país.
Edição: Nádia Franco