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"Voo das Babás", um dos assuntos mais populares nas rodas de conversa
do Rio de Janeiro, está mudando tudo na política do segundo Estado mais
populoso do País. Acertado em cheio, a ponto de ter de dar as costas a
jornalistas, encerrando abruptamente uma entrevista coletiva, sem resposta
frente a denúncia de uso e abuso familiar do helicóptero do governo estadual
para voos particulares, o governador Sergio Cabral está paralisado. O tiro
certeiro arrombou o casco da candidatura do vice-governador Luiz Fernando
Pezão, carregado por Cabral. Em quarto lugar nas pesquisas antes da descoberta
do escândalo, agora é que Pezão dificilmente irá evitar um naufrágio prematuro.
O PMDB
fluminense tenta entender os efeitos do que está acontecendo. As críticas ao
comportamento de Cabral vem da próprio partido, no momento em que a legenda
empreende um esforço de qualificação de seus quadros e aprofundamento de suas
raízes populares. A candidatura de Pezão, que sofreu desde o início críticas do
presidente regional da legenda, Jorge Piciani, tende a ser cada vez mais
questionada. O que foi um consenso acertado a fórceps por Cabral está se
esgarçando rapidamente.
O governador
quer a volta do ex-presidente Lula ao cenário político, como candidato a
presidente, para fazer valer a amizade com ele e tentar reerguer seu prestígio.
Mas nem isso une o PMDB fluminense. E, ademais, ninguém sabe porque Lula irá
querer carregar Cabral em lugar de navegar ao lado do senador Lindbergh Farias,
em segundo lugar nas pesquisas, atrás do ex-governador Anthony Garotinho
O prefeito do
Rio, Eduardo Paes, já avisou que não quer ser candidato a governador,
determinado a cumprir seu mandato até a Olimpíada de 2016. Com isso, crescem as
chances de o deputado federal Leonardo Picciani se tornar um nome que agrade as
três principais correntes partidárias: a de seu pai, o presidente Jorge, a do
prefeito e a do governador.
Jovem e preparado, Picciani pode iniciar uma
corrida por fora com chances de avançar no decorrer da eleição, que ainda está
longe O PMDB fluminense tem uma chance, e ela não passa mais por Cabral e
Pezão.