quinta-feira, 4 de julho de 2013

Argumentos falaciosos em profusão buscam confundir estudantes para precarizar a UENF


Na batalha contra os que querem destruir o modelo acadêmico criado por Darcy Ribeiro para a UENF está usando uma velha tática: criar a confusão sobre a história para desmobilizar a resistência através de mentiras que partem  supostamente de bases supostas reais e lógicas (a chamada falácia)

Nesse sentido, vejamos os principais argumentos falaciosos que estão sendo usados para justificar a quebra do modelo de Darcy:

1) O modelo já foi quebrado há muito tempo!

Na verdade esse é um argumento usado exatamente por aqueles que, ao longo do tempo, se afastaram da visão de uma universidade pública e gratuita e se ajustaram à lógica privatizante dos diferentes governadores com quem a UENF teve de se enfrentar ao longo da sua breve história de 20 anos.  O fato é que a pedra basilar deste modelo, a Dedicação Exclusiva de seus docentes que é essencial para a execução do tripé universitário ENSINO X PESQUISA X EXTENSÃO tem resistido, e esse é o obstáculo poderoso a uma ampliação do processo de privatização da UENF.  Nesse sentido, quem diz que o modelo foi quebrado está apenas antecipando um desejo, enquanto esconde suas próprias responsabilidades nos retrocessos que foram aplicados ao modelo.

2) Os professores horistas (TP 20 horas) vão resolver o problema de disciplinas instrumentais e não vão prejudicar o modelo

Esse é outro argumento falacioso. A questão é que a reitoria da UENF é que teve essa ideia infeliz, e não o (des) governo de Sérgio Cabral. Uma das características mais perniciosa dessa proposta é que o professor horista não se dedicará a uma série de tarefas que constituem as obrigações dos professores com Dedicação Exclusiva. E além disso, a sugestão de que a formação de um estudante se reduz à sala de aula reflete a concepção de quem não quer profissionais altamente qualificados, mas apenas capazes de reproduzir rotinas de forma mecânica e acrítica. Não é à toa que esse modelo é seguido por quase 100% das instituições privadas de ensino. Introduzir o professor horista na UENF significará causar um retrocesso profundo em relação a outras universidades públicas que estão abandonando esse modelo, e aproximando-a daquilo que Darcy Ribeiro chamava de "escolão".

3) A quebra da Dedicação Exclusiva é para favorecer os estudantes que estão sua formação prejudicada

Tal argumento é falso desde a sua base. Se a proposta fosse mesmo só contratar 15% de professores horistas, aqueles cursos onde dizem existir problemas no oferecimento de disciplinas instrumentais continuariam a não ser atendidas adequadamente, pois esse percentual permitirá na maioria dos laboratórios, a contratação de um número muito pequeno de professores (entre 2 e 3 para os cenários mais otimistas, e de 1 a 2 nos mais realistas). Em suma, o problema só seria piorado porque é ai que não seriam contratados professores que possam ser encontrados, pois só ficariam na UENF a metade do tempo do que será exigido dos docentes com D.E. Essa medida implicará sim na precarização ainda maior do ensino.

4) A UENF já teve um Ciclo Básico Comum (CBC) que fracassou por ser inviável

Essa afirmação é especialmente falaciosa, pois quem a dissemina "esquece" de informar quem foi que quis e conseguiu destruir o CBC. O CBC era uma experiência inovadora que oferecia uma formação holística para todos os estudantes da UENF, e foi torpedeada em nome de um ganho de tempo para acelerar a chegada dos estudantes aos laboratórios de pesquisa. Passados 15 anos desde o seu encerramento precoce,  formas modificadas do modelo do CBC foi adotado em várias universidades públicas, incluindo a Universidade Federal do ABC (UFABC) e a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). A Universidade  Estadual de Campinas (UNICAMP) também introduziu modificações na formação de seus estudantes, usando estratégias semelhantes ao CBC. De conjunto, a disseminação do modelo do CBC prova a correção do ideário de Darcy Ribeiro, e o erro daqueles que dentro da UENF optaram por sua extinção. O engraçado, ou trágico, é que antes se justificou a extinção do CBC para os estudantes chegaram mas rápido para as atividades de iniciação científica nos laboratórios, e agora é para que eles possam ter aulas instrumentais de melhor qualidade. Essa situação sintetiza o retrocesso que esses pseudos defensores dos estudantes vem fazendo para transformar a UENF num Escolão.

5) Precisamos de professores horistas porque os salários de docentes nunca serão atraentes para certas carreiras

Quem usa esse argumento deveria também dizer como está assegurando renda que é capaz de mantê-lo enquanto docente da UENF. Afinal, quem quer precarizar o regime de trabalho não o está fazendo para ganhar menos do que ganham hoje os professores das universidades federais! Por que será que continuam na UENF se a coisa está tão ruim e nunca irá melhorar? Como essas pessoas não conhecidos por atitudes franciscanas, há que se questionar esse argumento, pois a explicação pode estar em formas de privatização "branca" com a venda de serviços para grandes empresas como a Petrobras. Para quem está fazendo isto, é óbvio que interessa ficar na UENF, mesmo que ela seja totalmente precarizada para estudantes, servidores e professores que não possuem este tipo de benesse.

De conjunto, esses argumentos visam apenas uma coisa: criar confusão e justificar a destruição definitiva de uma concepção de universidade pública, gratuita, democrática e de qualidade para substituí-la de uma vez por todas por um ESCOLÃO onde a prioridade não é formar profissionais altamente qualificadas, mas apenas técnicos repetidores de rotinas que se tornarão meros repetidores de tarefas para onde quer que se dirijam. E pior esses profissionais formados no "ESCOLÃO" serão desprovidos de um elemento que era essencial para Darcy Ribeiro: uma consciência cidadã que os tornasse compelidos a atuar em prol da resolução dos problemas enfrentados pelos setores mais pobres da sociedade brasileira.