Desde que abraçou as políticas neoliberais, o PT começou um lento mas contínuo afastamento das principais bases de sustentação de sua própria construção, como é o caso do funcionalismo público federal. Até agora, o PT contou com a boa vontade da CUT, central sindical que nasceu sob o seu próprio impulso. Mas agora, com a crise sistêmica do Capitalismo batendo às portas e com o PT insistindo em punir salários para manter os escorchantes juros pagos à banca, a coisa para que está começando a mudar.
E que ninguém se engane. Se o PT não mudar logo seu curso de traição às suas próprias origens, daqui a pouco não vai ser só o ministro Gilberto Carvalho que estar sendo chamado de "pelego" e "traidor".
Bom, melhor assim. Já não era sem tempo que o PT começasse a pagar o preço das decisões que o levaram a abraçar José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor e, sim ela a rainha da UDR, Kátia da Abreu!
Onda de greves se alastra e desafia governo Dilma
DE BRASÍLIA
Onda de greves se alastra e desafia governo Dilma
DE BRASÍLIA
Apu Gomes - 08.ago.12/Folhapress | |
Policiais Rodoviarios Federais realizam operação-padrão na rodovia Dutra, em Guarulhos (Grande São Paulo) |
A greve dos servidores federais ganhou ontem a adesão de policiais rodoviários e ameaça se tornar a paralisação mais ampla do funcionalismo desde o começo do governo Lula (2003-2010), desafiando a gestão da presidente Dilma Rousseff.
Os números oficiais e do movimento não batem. Nas contas sindicais, ao menos 27 órgãos federais foram diretamente afetados, entre greves, suspensão temporária de trabalho ou operações-padrão.
As paralisações já prejudicam o cotidiano da população. Ontem, pelo menos oito estradas ficaram congestionadas por causa de uma fiscalização intensa de veículos. Aeroportos e até a área da saúde, com a retenção de remédios importados em depósitos, estão sendo afetados. Universidades federais estão paradas há quase três meses.
Ontem, em Brasília, grevistas tentaram subir a rampa do Palácio do Planalto, mas foram contidos por policiais.
Até agora, o governo negocia apenas com funcionários de universidades federais.
VAIAS
O ministro responsável por negociar com movimentos sociais, Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), foi vaiado e chamado de traidor em um congresso por manifestantes da CUT, tradicional braço sindical do petismo.
"Traidor, traidor", ouviu. "A greve continua. Dilma a culpa é sua!". Carvalho discutiu aos gritos com a plateia.
Ao fim, o presidente da CUT, Vagner Freitas, comentou: "Se eu fosse presidente, destituía o ministro."
"Houve greves grandes, mas eram concentradas em um setor. Essa tende a se ampliar", disse Artur Henrique, dirigente da CUT.
A decisão do governo de punir grevistas com descontos e não conceder reajustes acirrou os ânimos. Outra medida que desagradou servidores foi um decreto, de julho, facilitando a troca de grevistas por funcionários estaduais e municipais.
Para os sindicatos, há mais de 300 mil funcionários parados entre os 573 mil servidores. O Ministério do Planejamento diz que isso é irreal. "Se fosse tal como é dito, teríamos o serviço totalmente comprometido, e não está. Há pouquinha gente parada e muita fazendo barulho", disse o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça.
Ele refuta o status de pior greve dos últimos anos e lembra paralisações nos governos Lula e FHC, mas o governo diz não saber quantos servidores estão parados. O país "enfrentou momentos difíceis" com greves antes, disse.
Também repercutiu mal entre sindicalistas e setores do governo a afirmação do secretário do Tesouro, Arno Agustin, dizendo que a greve acabaria no dia 31, com o envio do Orçamento de 2013 para o Congresso, o que encerraria a possibilidade de negociação salarial.
"Nós entendemos que a crise [internacional] é grave. Mas, diante da crise, tem que flexibilizar o superávit primário [economia para pagar juros da dívida] e recuperar carreiras", disse Artur Henrique.
(FLÁVIA FOREQUE, JOHANNA NUBLAT, KELLY MATOS e NATUZA NERY)