Acusado e acuado, Cabral agora só usa sua saída preferencial - a porta dos fundos
Por Carlos Newton
Por Carlos Newton
(Tribuna) - Todos sabem que a Justiça não é séria, o Ministério Público idem, a Polícia idem. Nada vai acontecer ao empreiteiro Fernando Cavendish ou a seu ex-concunhado Sergio Cabral. O único efeito que o escândalo está tendo é que o governador passou a trafegar pelos fundos, que desde sempre deveria ter sido sua porta gloriosa e preferencial.
Chega a ser patético e comovente seu esforço para fugir da imprensa, como se viu no BNDES e no Teatro João Caetano, onde ele mandou erguer uma barreira de tapumes em torno do prédio, vejam só quanta paranóia.
Da outra vez em que foi envolvido num escândalo, no famoso dossiê preparado pelo então governador e seu ex-aliado Marcello Alencar, Cabral escapou milagrosamente da acusação de enriquecimento ilícito, porque contou com a prestimosa colaboração de um amigo de fé, irmão camarada, o publicitário Rogério Monteiro, conhecido no meio político com o apelido de “senador”.
Na época, Monteiro justificou o enriquecimento ilícito de Cabral dizendo que agência de publicidade pagava ao então presidente da Assembléia R$ 9 mil por mês, a pretexto da prestação de serviços de “consultoria”. Ou seja, Cabral foi “consultor” muito antes de José Dirceu, Antonio Palocci ou Fernando Pimentel. Foi ele quem deu origem a essa moda.
É claro que R$ 9 mil mensais não justificariam a vida sofisticada que a família Cabral já levava naquela época, com os filhos nos mais caros colégios do Rio de Janeiro e fazendo equitação na Hípica, morando no luxuoso apartamento de Cabral no Leblon, passando o fim de semana na mansão em Mangaratiba, com o possante iate ancorado no cais particular.
Mas o escândalo do dossiê parou por aí, porque Cabral ameaçou retaliar o ex-amigo Marcello Alencar com denúncias sobre o filho dele Marco Aurélio, que também ficou rico durante a gestão do pai e há muitos anos mora nos Estados Unidos.
Marcello amarelou e não divulgou as informações contra Cabral, e ficou tudo em família. E assim caminha a humanidade, na visão míope e distorcida dos políticos brasileiros.