segunda-feira, 22 de abril de 2013

Faltam referências na negociação com os papéis do grupo X




Por Cláudia Schüffner | Valor

RIO - A alta das ações do grupo X hoje demonstra, mais uma vez, o quanto os investidores estão perdidos com relação aos rumos das companhias controladas pelo empresário Eike Batista. As oscilações acima ou abaixo de 10% refletem movimentações de centavos no valor de ações já muito depreciadas. Sem condições de analisar os fundamentos dessas companhias, o mercado está cobrindo posições vendidas ou comprando agora defensivamente, já que neste momento não se conhece um piso ou um teto para o preço da maior parte das companhias do grupo.

Não há nenhum fato novo que justifique a alta dos papéis da OGX, que hoje fecharam com valorização de 18,38%, cotados a R$ 1,61. Já é conhecido que a empresa está negociando há meses com a estatal Petronas, da Malásia, a venda de um ativo, como noticiado em fevereiro. Fontes do Valor informam que se trata do campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, por um valor aproximado de US$ 1 bilhão. As negociações estão avançadas e o negócio pode ser anunciado no início de maio. Com o dinheiro em caixa, a companhia pode participar da 11ª Rodada de Licitações de áreas da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o que não é bem visto por alguns observadores que vêm uma destruição de valor. O banco que está assessorando a Petronas é o Bank of America Merrill Lynch.

Mais recentemente, a Lukoil, terceira maior companhia da Rússia atrás das estatais Gazprom e Rosneft entrou nas negociações, mas em estágio muito inicial, segundo informam fontes ouvidas pelo Valor. Os escritórios de advocacia contratados pela Lukoil são o Akin Gump, de Londres, e o Pinheiro Guimarães, no Rio.

A OGX continua buscando fechar contratos com a Petrobras para utilização de capacidade ociosa no porto do Açu e também para o estaleiro OSX, mas a estatal costuma encomendar equipamentos por meio de licitações e não há muito o que se fazer para favorecer o estaleiro do Açu deixando de lado concorrentes como EAS, Brasfels, Rio Grande e Mauá, só para citar alguns. A presidente da Petrobras, Graça Foster, vem frisando há mais de um mês, quando da primeira notícia sobre o pedido de ajuda de Batista feito à presidente Dilma Rousseff, que não se trata de socorro mas sim de “negócio”. É preciso aguardar para saber a eficácia do pesado lobby de Batista junto ao governo e quanto a estatal brasileira cederá.

De resto tudo é especulação e nenhuma precificação está fazendo sentido. Para se ter uma ideia da falta de parâmetro de preços, as ações da MPX fecharam hoje negociadas a R$ 9,16 em queda de 0,87%, apesar de a negociação com a gigante alemã E.ON prever um aumento de capital com garantia de colocação de ações da empresa a R$ 10. As ações da CCX fecharam cotadas a R$ 3,69 apesar de o empresário ter lançado uma oferta para o fechamento de capital pagando R$ 4,31 por ação por meio da entrega de ações das outras empresas.

O próprio fato de uma empresa conservadora como a Petronas estar negociando há tanto tempo com Batista um ativo da OGX significa que encontrou algum valor na companhia. Mas o mercado não parece capaz de enxergar onde está esse valor.