Nesta 2a. feira, 26/11, teremos mais um espetáculo no centro do Rio de Janeiro, com direito a ponto facultativo e anunciados 11 shows. Qual é o motivo da festança? Um suposto protesto organizado pelas forças políticas do Rio de Janeiro para pressionar a presidente Dilma Rousseff a vetar a lei recentemente aprovada pelo Congresso Nacional e que impõe uma redistribuição dos royalties do petróleo.
A primeira questão que salta aos olhos é que não deverão ser feitos pronunciamentos políticos. Isto mesmo! Um ato político sem manifestações políticas. Esse paradoxo se explica menos pelo medo de Sérgio Cabral de levar vaias, coisa que é inevitável, mas muito mais pela continua disposição do grupo que governa o Rio de Janeiro de impedir a politização da população.
É que uma população mais politizada poderá reagir mais organizadamente ao verdadeiro saque que está sendo cometido contra a coisa pública no Rio de Janeiro. Bastaria examinar a questão da privatização do Maracanã para ver que motivo para revolta não falta em nosso estado.
O mais dramático é que certamente não haverá a devida discussão do que realmente está sendo afetado pela nova redistribuição. No caso do Rio de Janeiro, 54 municípios passarão a ganhar mais recursos vindos dos royalties do petróleo, e serão os cofres municipais dos outros 38 municípios (Campos dos Goytacazes incluído) que realmente sofrerão, visto que a mordida no tesouro estadual será bem menor. Assim, é que alimentando a despolitização e a desinformação, a última coisa que Sérgio Cabral quer é que passemos a limpo a forma com que os royalties vem sendo usados por ele e até membros daquilo que se convenciona chamar de "oposição".
De toda forma, o fato é que esse showmício deverá ter pouco ou nenhum impacto na decisão de Dilma Rousseff. É que devido ao completo desgaste político que a crise dos guardanapos causou em Cabral, o (des) governador não tem qualquer capacidade de infringir um desgaste mínimo que seja em Dilma Rousseff. Por isto mesmo é que Cabral depende diretamente das decisões estratégicas que sempre guiam os atos presidenciais. Pelo que se vislumbra, a única chance do Rio de Janeiro não perder mais é a coisa ir parar no Supremo Tribunal Federal.
É quase certo que ao dobrar dos sinos, Cabral venha a tomar, mais uma vez, o rumo de Paris onde irá buscar consolo em um daqueles restaurantes "trè chic" que ele tanto gosta de frequentar... com ou sem guardanapo na cabeça.