sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MST ocupa fazenda no norte fluminense

Cerca de 200 famílias entraram no parque industrial da Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, durante a madrugada

Guilherme Jeronymo, da

Bandeira em assentamento do MST: segundo denúncia, a fazenda teria sido para a incineração de corpos de dez opositores à ditadura militar, mortos sob tortura

Rio de Janeiro – O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) ocupou hoje (02) o parque industrial da Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. Segundo o MST, cerca de 200 famílias entraram na área durante a madrugada. O grupo pretende formar acampamento e produzir gêneros alimentícios.

Segundo o movimento, o objetivo é cobrar agilidade na desapropriação das terras da Cambahyba. Quer também chamar atenção para o papel do proprietário no apoio à repressão durante a ditadura militar. “É uma propriedade improdutiva, e a demora na desapropriação, pela Justiça, é um absurdo”, disse o porta-voz do movimento, Fernando Moura.

As terras pertencem à família de Heli Ribeiro Gomes, falecido vice-governador do Rio de 1967 a 1971. Em livro lançado este ano, o ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo Cláudio Guerra acusa o político de ter permitido o uso do forno da fazenda para a incineração de corpos de, ao menos, dez opositores à ditadura militar, mortos sob tortura. A família nega as acusações. O MST pede ainda a instalação de um memorial aos militantes.

A Usina é um complexo de sete fazendas, que tem, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado, 3,5 mil hectares. O processo de desapropriação começou em 1995, quando o Incra fez o pedido. Três anos depois, os proprietários conseguiram reverter a decisão. A disputa está nos tribunais. Em 2000, a fazenda foi ocupada por integrantes do MST, despejados em 2006.

Há dez anos a Usina Cambahyba arrendou a propriedade à Usina Santa Cruz, produtora de cana-de-açúcar. Em agosto último, o juiz da 2ª Vara Federal em Campos, Dario Ribeiro Machado Junior, decidiu pela desapropriação. Os donos das terras recorrem da decisão em segunda instância.