Fernando Travaglini, Angelo Pavini, Luciana Monteiro e Daniele Camba | De São Paulo
O mercado financeiro global viveu ontem mais um dia de grandes turbulências com o aumento da desconfiança em relação à solidez de bancos europeus. Na quarta-feira, o Banco Cen- tral Europeu revelou ter emprestado US$ 500 milhões para socorrer uma instituição financeira, o que não ocorria desde fevereiro. Ao mesmo tempo, o Federal Reserve pretende apertar a fiscalização sobre as filiais dos bancos europeus para saber como estão financiando suas operações nos Estados Unidos.
A isso, somaram-se informações que indicam uma desaceleração da economia americana ainda mais acentuada do que se esperava. O índice de atividade industrial do Fed da Filadélfia caiu para -30,7 em agosto, nível só visto em períodos de recessão.
"O crédito bancário é o que faz o contato entre as bolsas e as pessoas normais", explica o economista Luis Otavio de Souza Leal, do Banco ABC Brasil. Mas ele não acredita que o cenário seja o mesmo de 2008. "Para que haja uma piora nos negócios entre os bancos, é preciso que aconteça uma quebra, como a do Lehman Brothers há três anos. E a atuação do BCE sugere que a instituição não deixará que isso ocorra", observa o economista.
A bolsa brasileira seguiu o movimento global de queda e, no fim do pregão, apenas sete ações do Ibovespa subiam. No ano, até ontem, o índice caiu 23,3% e, não fossem as recompras de ações feitas pelas próprias empresas, a queda seria bem maior. Enquanto as pessoas físicas fogem do risco, o saldo líquido das compras das companhias no mercado atinge R$ 5,862 bilhões no ano. Só neste mês, compraram R$ 1,36 bilhão.
Luis Stuhlberger, gestor do Credit Suisse Hedging Griffo, tem uma definição jocosa para o que se passa: "A bolsa entrou numa fase de trem fantasma: a cada curva aparece uma nova caveira ou assombração".
Fonte:
http://www.valoronline.com.br/impresso/primeira-pagina/3021/475531/voltam-desconfianca-e-pessimismo utm_source=newsletter&utm_medium=manha_19082011&utm_campaign=informativo
