A Zara Brasil recusou o convite da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de trabalho em condições análogas à escravidão em confecções de fornecedores da rede no Estado de São Paulo. O depoimento seria realizado nesta quarta-feira (31) durante a reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia.
Em nota, a empresa justifica a recusa pela indisponibilidade na agenda do representante legal da Zara Brasil, Enrique Huerta González. O convite, segundo o documento, foi feito muito em cima da hora, porém González se colocaca à disposição dos deputados para colaborar em uma próxima oportunidade, junto ao representante mundial do grupo para responsabilidade social corporativa.
A convocação foi feita pelo deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB), que pediu a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigue o uso de mão de obra escrava no Estado, tanto em regiões urbanas quanto rurais.
Entenda o caso
Por três vezes, equipes de fiscalização do governo federal flagraram em São Paulo trabalhadores estrangeiros submetidos a condições análogas à escravidão produzindo peças de roupa da badalada marca internacional Zara, do grupo espanhol Inditex.
Durante a operação, 15 pessoas, incluindo uma adolescente de apenas 14 anos, foram libertadas de escravidão contemporânea de duas oficinas – uma localizada no centro da capital paulista e outra na zona norte. Para sair da oficina, que também era moradia, era preciso pedir autorização.
As investigações também notificaram contratações completamente ilegais, trabalho infantil, condições degradantes, jornadas exaustivas de até 16 horas diárias e cerceamento da liberdade (seja pela cobrança e desconto irregular de dívidas dos salários, o "truck system", seja pela proibição de deixar o local de trabalho sem prévia autorização).