Pelo balanço do primeiro trimestre, a companhia tem 95% da dívida atrelada ao dólar, cifra que correspondia, em 31 de março, data do último balanço, a R$ 7,6 bi
Com o avanço do dólar frente ao real, a situação mais confortável, entre as empresas de Eike Batista, é a da mineradora MMX, que tem 34% das dívidas indexadas à moeda estrangeira
Rio de Janeiro - Em plena crise de confiança, o Grupo EBX tem de lidar agora com outro problema: a disparada do dólar frente ao real. Entre as companhias do grupo, a petroleira OGX lidera o ranking das mais endividadas em moeda estrangeira. Pelo balanço do primeiro trimestre, a companhia tem 95% da dívida atrelada ao dólar, cifra que correspondia, em 31 de março, data do último balanço, a R$ 7,6 bilhões.
A situação da OSX não é muito melhor. A aposta do empresário Eike Batista no segmento de construção civil tem 70% do seu endividamento atrelado ao câmbio, algo em torno de R$ 5,4 bilhões, também pela data do balanço. Estudo feito pela consultoria Economática mostra que 35,61% desse total se referem a dívidas de curto prazo, o que poderia pressionar o caixa da companhia.
Com o avanço do dólar frente ao real, a situação mais confortável é a da mineradora MMX, que tem 34% das dívidas indexadas à moeda estrangeira. Nos relatórios, as companhias do grupo não informam se fizeram operações de proteção para esses endividamentos.
A companhia de logística LLX tem 64,37% de suas dívidas atreladas ao dólar e a MPX, de energia, contabiliza um porcentual de 42,8%. As relações de dívida em reais e em moeda estrangeira de OSX, LLX, MMX e MPX foram calculadas pela consultoria Economática.
Os dados da OGX foram obtidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a partir de demonstrações financeiras da empresa arquivadas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O grande endividamento das empresas do grupo preocupa investidores. Os rumores sobre uma reestruturação mais ampla da dívida das empresas de Eike Batista cresceu nos últimos dias. A expectativa, segundo um analista que não quis se identificar, é que Eike apresente uma proposta aos principais credores, convertendo parte ou a totalidade da dívida em participação acionária.
Entretanto, destacou o especialista, não será uma batalha fácil, diante da situação delicada do grupo. Esta semana, o empresário jogou ainda mais lenha na fogueira ao ter revelado a venda, no fim de maio, de ações de sua propriedade na OGX. Sua participação foi reduzida de 61,1% para 58,9%.
Limites
No balanço financeiro, a petroleira OGX informa alguns parâmetros que precisam ser seguidos para evitar o pagamento antecipado de alguns bônus emitidos no exterior. Um deles é a relação dívida líquida/Ebitda que precisa superar em 3,5 vezes.
Além disso, determina que o endividamento não pode superar US$ 4 bilhões. Para analistas, os parâmetros estão sendo descumpridos. Em resposta à reportagem, a empresa diz, em nota, que está "rigorosamente dentro de todos os covenants dos bonds emitidos no exterior".