Operadora do píer, empresa Anglo American, recebeu multa de R$ 21 milhões. Ao todo, 500 mil toneladas de minério de ferro estavam no porto durante o acidente.
Paula Monteiro - jornalismo@portalamazonia.com
Mais de 16 Km² de área sofreram dano ambiental com o desmoronamento de terra. Foto: Divulgação/ DNPM.
MACAPÁ - O acidente ocorrido no píer da empresa Anglo American, na última quinta-feira (28), em Santana, casou danos ambientais em uma área de 16 quilômetros quadrados. Ao todo, 500 mil toneladas de minério de ferro, 200 metros quadrados da estrutura do porto, além de guindastes e outras máquinas caíram no rio Amazonas.
A informação é do Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Estado do Amapá (Imap), responsável pelo levantamento das causas do acidente que vitimou seis trabalhadores.
O diretor do órgão, Maurício Souza, apontou que os danos ambientais são considerados “gravíssimos”. “Pode ocorrer assoreamento do rio, caso não seja possível retirar todo o material que foi para o fundo”. Ele explicou, ainda, que o assoreamento ocorre quando há acúmulo de lixo, entulho e outros detritos no fundo do rio e, com isso, o rio passa a suportar cada vez menos água, provocando enchentes em épocas de grande quantidade de chuvas.
A empresa Anglo American recebeu, nesta terça-feira(2), da equipe técnica do Imap, o auto de infração que solicita à empresa um laudo conclusivo que deve ser entregue no prazo de até 30 dias. Devido à gravidade dos danos ambientais, a empresa recebeu duas multas que totalizam R$ 21 milhões. A primeira multa é referente ao descumprimento do licenciamento, orçada em R$ 1 milhão, e a segunda está relacionada ao impacto ambiental.
A partir do laudo conclusivo da empresa, a equipe técnica do Imap vai analisar qual a melhor solução e orientar nas ações de responsabilidade da Anglo American.
O órgão ambiental solicitou à empresa imagens de satélites para comparar a área durante os 50 anos em que a Anglo American atua no lugar, para verificar se houve algum tipo de intervenção sem a autorização técnica durante o período. Também é de responsabilidade da empresa apresentar, entre outras soluções, alternativas de transporte do minério de ferro.
A primeira medida já está sendo tomada, com desassoreamento do rio na região, através de guindastes com a retirada das ferragens que foram para o fundo. Ainda não foi esclarecido como a meia tonelada de minério, perdida no acidente, será retirada.
Nas primeiras observações do porto, a equipe constatou que o solo sofreu intervenção de aterramento, o que pode ter gerado sua fragilidade e ocasionado o acidente. A empresa tem 30 dias para apresentar laudo com alternativas para reverter o dano ambiental na região.