Eu não sei o que os "Eiketes" locais vão pensar, mas a matéria abaixo, circulada pelo site Brasil 247, contem um duro comentário da toda poderosa jornalista Miriam Leito da Rede Globo em relação à performance de Eike Batista como líder do Grupo EBX.
Como poderá ser ver abaixo, Miriam Leitão não deixa "X" sobre "X", e coloca em Xeque a versão de Eike é um gênio dos negócios.
O que será que você dizer agora as Cassandras que andavam reclamando de um suposto lobby anti-Porto do Açu? Vão dizer que quem critica localmente os problemas que cercam o Porto do Açu são aliados da Rede Globo?
MIRIAM LEITÃO DETONA EIKE BATISTA
Colunista do Globo diz que queda das ações era previsível e afirma que o bilionário cometendo erros em série, fazendo suas apostas com dinheiro alheio, de investidores privados e do BNDES
247 - Num duro artigo publicado neste sábado, a jornalista Miriam Leitão, do Globo, inverteu o título de um livro de Eike Batista, chamado "O X da questão", criticou a gestão de suas empresas e afirmou que a queda das ações era absolutamente previsível. Leia abaixo:
A questão do X
Por MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 20/04
A
perda de valor de mercado das empresas do grupo X era previsível. O empresário
Eike Batista tem uma forma discutível de fazer negócios. Exagera nos anúncios
de possibilidades das empresas. Assim, elevava as ações. Antes que uma empresa
se tornasse realidade, ele criava outra que dependia da primeira, ainda
embrionária. Ele se alavancou basicamente com dinheiro alheio.
Agora
o movimento é para ele ser salvo dos apuros com mais dinheiro público. BNDES e
Caixa já estão muito expostos ao risco Eike Batista.
Desde
2005, o BNDES aprovou R$ 9,1 bilhões em operações com o grupo e esta semana foi
divulgado mais R$ 935 milhões. Mesmo com o derretimento das ações, a transfusão
de empréstimos continua. As conversas com a Petrobras já começaram, para que
parcerias entre ela e a OGX sejam feitas. Os investidores fogem, mas a estatal
se aproxima.
As
ações das empresas despencaram. Quando subiram, foi por força do exagero dos
anúncios. O empresário sempre usou isso. Embrulhava vento e vendia. Os
investidores compraram, os bancos emprestaram. Assim ele fez seu império e
alimentou uma obsessão menor: a de ser o homem mais rico do mundo.
Em
menos de três anos, a principal empresa do grupo, a OGX, de petróleo e gás,
perdeu 94% do valor. Chegou a valer R$ 74 bilhões, em 2010. Mesmo com a alta de
9% das ações, ontem, vale agora R$ 4 bi. A empresa fechou 2012 com prejuízo de
R$1,2 bilhão e US$1,6 bilhão em caixa. As ações da MMX, de mineração, caíram
87%. A companhia chegou a valer R$ 18 bi, em 2008, e hoje vale R$1,7 bi. Quando
entrou na bolsa, disse que ia produzir 37 milhões de toneladas de minério de
ferro em 2011. Em 2012, produziu 7,4 milhões. A fuga de investidores é por esse
baixo desempenho. O prejuízo do grupo em 2012 foi de R$ 2,5 bilhões.
As
vozes dos críticos, que mostravam o açodamento e erros, não foram consideradas.
Outro ponto fraco foi criar
uma empresa derivada da outra. Já que haveria tanto gás e petróleo, ele criou a empresa de estaleiro OSX, que chegou a valer R$ 9 bilhões e hoje vale R$1
bilhão. Eike tem o mérito de elaborar projetos, tem o defeito de não esperar
que maturem.
Vende
entusiasmo e não aguarda a realidade. Pensa a economia do futuro com lógica do
passado. A euforia enganou muita gente. Algumas empresas são boas, mas não
tanto quanto a percepção do mercado. Alguns investidores estiveram com ele para
serem parceiros de longo prazo, como a Ontario Teachers, o fundo de pensão dos
professores de Ontário. Outros, só de passagem.
Ele
se cercou de bons profissionais, que deixaram a empresa por vários motivos:
falta de sustentação de alguns projetos, o descuido com riscos, o descaso
ambiental. O Porto do Açu é um bom projeto, mas é caro, segundo especialistas,
por ser em mar aberto e exigir muito investimento em quebra-mar.
O
BNDES comprou ações e concedeu bilhões em empréstimos de prazos longos e juros
baixos. A mesma coisa fez a Caixa e bancos privados. As ofertas públicas de
ações atraíram investidores institucionais, e a venda de lotes menores trouxe
os pequenos investidores. Mas as empresas não tinham experiência operacional,
algumas eram ainda projetos.
O
grupo fez dívidas em dólar e tem um cronograma pesado de investimentos. O
endividamento triplicou em 2012. Além dos R$10 bilhões de operações aprovadas,
o BNDES é dono de 10,3% da MPX e de 11,7% da CCX. O BNDESPar chegou a ter 12%
da LLX e quando comprou as ações pagou mais caro por elas que o valor de
mercado. Quando vendeu, vendeu por menos do que valia. A operação fez com que
um pedaço do lucro do banco ficasse com o empresário. A Caixa tem R$1,4 bilhão
de empréstimos concedidos à OSX e à MPX.
A
crise de 2008 atingiu as empresas de Eike Batista, mas esse não foi o ponto
principal. Ele errou na condução dos negócios.
A
perda de valor de mercado das empresas do grupo X era previsível. O empresário
Eike Batista tem uma forma discutível de fazer negócios. Exagera nos anúncios
de possibilidades das empresas. Assim, elevava as ações. Antes que uma empresa
se tornasse realidade, ele criava outra que dependia da primeira, ainda
embrionária. Ele se alavancou basicamente com dinheiro alheio.
Agora
o movimento é para ele ser salvo dos apuros com mais dinheiro público. BNDES e
Caixa já estão muito expostos ao risco Eike Batista.
Desde
2005, o BNDES aprovou R$ 9,1 bilhões em operações com o grupo e esta semana foi
divulgado mais R$ 935 milhões. Mesmo com o derretimento das ações, a transfusão
de empréstimos continua. As conversas com a Petrobras já começaram, para que
parcerias entre ela e a OGX sejam feitas. Os investidores fogem, mas a estatal
se aproxima.
As
ações das empresas despencaram. Quando subiram, foi por força do exagero dos
anúncios. O empresário sempre usou isso. Embrulhava vento e vendia. Os
investidores compraram, os bancos emprestaram. Assim ele fez seu império e
alimentou uma obsessão menor: a de ser o homem mais rico do mundo.
Em
menos de três anos, a principal empresa do grupo, a OGX, de petróleo e gás,
perdeu 94% do valor. Chegou a valer R$ 74 bilhões, em 2010. Mesmo com a alta de
9% das ações, ontem, vale agora R$ 4 bi. A empresa fechou 2012 com prejuízo de
R$1,2 bilhão e US$1,6 bilhão em caixa. As ações da MMX, de mineração, caíram
87%. A companhia chegou a valer R$ 18 bi, em 2008, e hoje vale R$1,7 bi. Quando
entrou na bolsa, disse que ia produzir 37 milhões de toneladas de minério de
ferro em 2011. Em 2012, produziu 7,4 milhões. A fuga de investidores é por esse
baixo desempenho. O prejuízo do grupo em 2012 foi de R$ 2,5 bilhões.
As
vozes dos críticos, que mostravam o açodamento e erros, não foram consideradas.
Outro ponto fraco foi criar
uma empresa derivada da outra. Já que haveria tanto gás e petróleo, ele criou a empresa de estaleiro OSX, que chegou a valer R$ 9 bilhões e hoje vale R$1
bilhão. Eike tem o mérito de elaborar projetos, tem o defeito de não esperar
que maturem.
Vende
entusiasmo e não aguarda a realidade. Pensa a economia do futuro com lógica do
passado. A euforia enganou muita gente. Algumas empresas são boas, mas não
tanto quanto a percepção do mercado. Alguns investidores estiveram com ele para
serem parceiros de longo prazo, como a Ontario Teachers, o fundo de pensão dos
professores de Ontário. Outros, só de passagem.
Ele
se cercou de bons profissionais, que deixaram a empresa por vários motivos:
falta de sustentação de alguns projetos, o descuido com riscos, o descaso
ambiental. O Porto do Açu é um bom projeto, mas é caro, segundo especialistas,
por ser em mar aberto e exigir muito investimento em quebra-mar.
O
BNDES comprou ações e concedeu bilhões em empréstimos de prazos longos e juros
baixos. A mesma coisa fez a Caixa e bancos privados. As ofertas públicas de
ações atraíram investidores institucionais, e a venda de lotes menores trouxe
os pequenos investidores. Mas as empresas não tinham experiência operacional,
algumas eram ainda projetos.
O
grupo fez dívidas em dólar e tem um cronograma pesado de investimentos. O
endividamento triplicou em 2012. Além dos R$10 bilhões de operações aprovadas,
o BNDES é dono de 10,3% da MPX e de 11,7% da CCX. O BNDESPar chegou a ter 12%
da LLX e quando comprou as ações pagou mais caro por elas que o valor de
mercado. Quando vendeu, vendeu por menos do que valia. A operação fez com que
um pedaço do lucro do banco ficasse com o empresário. A Caixa tem R$1,4 bilhão
de empréstimos concedidos à OSX e à MPX.
A
crise de 2008 atingiu as empresas de Eike Batista, mas esse não foi o ponto
principal. Ele errou na condução dos negócios.