quarta-feira, 24 de abril de 2013

Informação como entretenimento


Tendo estado nos EUA durante o episódio das explosões na maratona de Boston não pude deixar de conversar e ouvir reações interessantes à intensa, mas parcialíssima, cobertura midiática do evento.  Nessas conversas apareceu uma observação cáustica: as redes de TV não oferecem informação, mas entretenimento com cara de informação.  

O resultado disso seria que recebemos pequenos fragmentos da verdade, e normalmente para servir a motivos ulteriores que não servem aos interesses da maioria da população, mas normalmente aos interesses do Estado e, particularmente, dos segmentos da contra-informação e da repressão política. 

Em suma, a mídia corporativa não nos dá muita coisa de qualidade, e nos empurra invariavelmente para um jogo tosco de "mocinhos contra bandidos".  E isso, que ninguém se engane, é um elemento tão poderoso de controle social quanto metralhadoras e tanques. 

Apesar desse controle estar muito bem firmado nos EUA, a presença desse controle ideológico através de uma mídia controlada por interesses econômicos e de manutenção do status quo capitalista são um elemento, como o próprio sistema exige atualmente, um elemento de natureza global.

Dai é que se entende o clima de vitória que se seguiu à prisão do segundo suspeito em Boston. Parecia clima de fim de copa do mundo, com todo mundo indo às ruas saudar a polícia e gritar "USA, USA,USA". Mas que ninguém deboche dos norte-americanos. É só olhar logo ali, e ver como a população da zona sul do Rio de Janeiro engole alegremente o mito das UPPs, enquanto os moradores das favelas continuam a ser exterminados, agora sem a interveniência dos traficantes.