Comunicado é resposta a rumores sobre eventual venda de parte da petroleira de Eike Batista
Mario Anzuoni/Reuters
Eike Batista, dono da OGX: ou ele aporta dinheiro na empresa, ou vende uma fatia
São Paulo – A OGX, petroleira de Eike Batista, admitiu que mantém conversas com outras companhias sobre eventuais negociações, mas afirmou que não há nada que justifique, por enquanto, divulgações ao mercado.
A posição da empresa foi expressa em um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na noite desta terça-feira. Segundo o documento, a OGX afirma que “existem diversas possibilidades de negócios da companhia com diferentes empresas.”
A petroleira observa, porém, que todas se encontram “ainda em estágio prematuro e sem as características necessárias a ensejar sua divulgação ao mercado.”
Nas últimas semanas, cresceram as especulações sobre a possível venda de uma fatia da OGX para investidores ou parceiros estratégicos. A Petronas, da Malásia, e a Lukoil, da Rússia, são as duas mais citadas ultimamente.
Fumaça?
Segundo uma reportagem da agência de notícias Reuters, executivos da OGX e da Petronas visitaram, no começo do mês, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) para obter informações sobre o Campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, onde a empresa de Eike Batista mantém operações.
A visita foi interpretada como um sinal de que as companhias estariam negociando uma eventual parceira ou compra de ativos.
De estrela da bolsa de valores e principal companhia do Grupo EBX, a OGX se transformou, desde meados do ano passado, na maior dor de cabeça de Eike. O motivo são os sucessivos atrasos no cronograma de operações da companhia (ela já deveria ter produzido 16 milhões de barris desde 2011), aliados ao rebaixamento das estimativas de produção. Além disso, no mês passado, a empresa enfrentou queda na sua produção efetiva.
Caixa apertado
Os problemas se somam às pesadas necessidades de investimento para continuar com o projeto neste ano. A empresa encerrou 2012 com uma posição de caixa de 1,7 bilhão de dólares. Os planos da OGX envolvem investimentos de 1,3 bilhão de dólares neste ano – 100 milhões a mais que no ano passado.
O problema é que a empresa também precisa pagar, neste ano, cerca de 600 milhões de reais em empréstimos já assumidos. A OGX estima que gerará cerca de 330 milhões de reais de caixa neste ano.
Uma alternativa, segundo os analistas, é a OGX exercer a opção de venda de ações a seu controlador. Assim, Eike seria obrigado a subscrever 1 bilhão de reais em papéis da companhia, e o dinheiro seria injetado na operação. Outra possibilidade seria a venda de parte da empresa – o que dividiria riscos com um sócio e traria dinheiro novo. Essa possibilidade, segundo o comunicado da OGX à CVM, existe, mas ainda é embrionária.