quinta-feira, 13 de setembro de 2012

SÓ UMA PALAVRA PODE DEFINIR O NÍVEL DO DEBATE PROMOVIDO PELO FIDESC NO IFF: DECEPCIONANTE!




Estive ontem no Auditório Cristina Bastos, no Instituto Federal Fluminense (IFF). para assistir o debate entre os cinco candidatos a prefeito de Campos dos Goytacazes que foi promovido pelo F órum Interinstitucional de Dirigentes de Ensino Superior de Campos (Fidesc). E eu só tenho a dizer que o saldo, em minha modesta opinião, é para lá de decepcionante. E a estrutura que foi montada para o mesmo, convenhamos, foi muito restritiva para começo de conversa, não deixando muito espaço para um debate franco e aberto.


Mas quando falo de decepção, eu não falo de algo mais amplo como, por exemplo, a ausência do oferecimento de uma sinalização mínima para um projeto de desenvolvimento para o município de Campos, que tivesse alguma chance de nos apontar para a superação das gritantes desigualdades existentes num dos municípios mais ricos da América Latina. Pedir modelo de desenvolvimento é algo que vai muito além do que a maioria dos atuais candidatos a prefeito parece sequer capaz de, pelo menos,  sequer conseguir vislumbrar.

Aqui se fala algo mais básico como a questão do gerenciamento cotidiano da Prefeitura de Campos, onde a falta de uma visão minimamente esclarecida da realidade por parte da maioria dos candidatos sinaliza que a população mais pobre desta cidade ainda vai amargar mais quatro anos de sofrimento e abandono caso qualquer um dos candidatos com mais intenções de voto seja eleito.

Em relação ao desempenho dos candidatos, eu diria que aquele que mais profundamente me decepcionou foi o ex-prefeito Arnaldo Vianna (já que do candidato José Geraldo ninguém espera nada mesmo, e ele ainda conseguiu alguns momentos (poucos é verdade) de lucidez).  Já Arnaldo Vianna nem parece ser alguém que já governou esta cidade, com menos dinheiro mas ainda assim com muito dinheiro, e nos deixou como cartão de visitas o elefante branco da Praça Salvador, e que se tornou um verdadeiro monumento da anti-cidade. 

Se eu alguém me perguntasse quem venceu o debate de ontem, se aquele evento pudesse ter alguém vencedor para começo de conversa, eu diria que a prefeita Rosinha Garotinho e o médico sanitarista Erick Schunk ficaram à frente do médico Makhoul Moussallem. A prefeita, apesar de toda sua aparente má vontade e desconforto com o debate democrático de idéias, soube se defender razoavelmente, ainda que num nível sofrível de entendimento da cidade que seu grupo político governa há várias décadas, dos ataques que os outros candidatos receberam.  Aliás, se um E.T. passasse ontem no IFF e ouvisse a prefeita falar, acharia que ela acaba de chegar na cidade, vindo de algum ponto distante da Galáxia. Mas, friso, diante do quadro estabelecido dentro do debate, ela se virou muito bem.

Já a Erick Schunk, que provavelmente é o único que não possui uma estrutura profissional por detrás de si, pode proporcionar alguns momentos de verdadeira emoção. Tivesse ele um pouco mais de cabeça fria e discernimento em sobre como se comportar em debates, a situação não só da prefeita Rosinha Garotinho, como dos outros dois candidatos apoiados por Sérgio Cabral e Dilma Rousseff (Moussallem e Viannna) ficaria bem ruim.

Agora, no geral, o debate de ontem passou ao largo da situação real em que estamos imersos, inclusive na área temática que deveria ter orientado a fala dos candidatos, qual seja, cultura e ciência e tecnologia. 

Agora, o que realmente não entendi ontem foi quando o presidente do FIDESC começou a sua fala de encerramento do debate agradecendo a Deus. Podem me chamar de intolerante, mas não há algo mais sintomático da miséria política em que vivemos ver um dirigente de uma instituição privada de ensino iniciar sua fala inserindo um elemento religioso num ambiente essencialmente político e, ainda por cima, dentro de uma instituição pública de ensino. Essa mistura de religião e política, cabe lembrar, é rejeitada pela Constituição Federal, além de ser a marca de uma nova forma de controle do Estado brasileiro que vem se alastrando de maneira intolerável nos diversos níveis de governo. Mas, pensando bem, tem tudo a ver com o nível de debate que aconteceu. Só mesmo Deus para salvar a população desta cidade de uma classe política tão alienada do nosso cotidiano.