Passadiço liga TRT à Petrobrás.
NORMANDO RODRIGUES*
O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro) inaugurou seu "Passadiço Cultural", que definiu como "relevante espaço arquitetônico, artístico e cultural", ligando o prédio das varas do trabalho da Rua do Lavradio ao seu congênere da Rua Gomes Freire. Esse é o TRT. Mas República, o que é? Deriva da latina "coisa pública", que os antigos romanos criaram para diferenciar os bens do Estado ("do Senado e do Povo"), do patrimônio pessoal dos governantes. Por que lembramos de República, ao falar do "Passadiço cultural" do TRT?
Por que lembramos de República, ao falar do "Passadiço Cultural" do TRT? Porque esse "mimo", quase nulo para administração da Justiça, foi presenteado pela Petrobrás, a 2ª empresa mais demandada no TST, a 7ª mais processada na Justiça do Trabalho em geral, e recentemente definida pelo Ministro Presidente do TST como a estatal que mais se furta a cumprir decisões judiciais. A estética do gesto fala alto. Cafés, cupcakes, muffins, inauguração com acepipes da moda e belos discursos... Mereceria a indagação socialite "não é lindo?" Já a ética do "Passadiço" não vai tão longe. Nenhuma ilicitude, ilegalidade, malversação do dinheiro público.
Apenas uma quase oculta indisposição, uma brisa de irritação administrativa soprada na hora de colocar a cabeça sobre o travesseiro. Claro, somente percebida no sono daqueles que ainda têm, e por vezes ouvem, algo chamado "consciência pública". Aragem talvez movida por outra lembrança dos antigos romanos, sintetizada numa frase proferida pelo mais eminente varão de Plutarco, em 60 a.c.: "Não basta que a mulher de César seja honrada, é preciso que sequer seja suspeita"
Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.