sábado, 3 de dezembro de 2011

Marcos Valério, pivô do mensalão é preso sob acusação de grilar terras na Bahia

Por Graciliano Rocha e Paulo Peixoto e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 03/12/2011


Marcos Valério foi preso em Belo Horizonte. Ele é suspeito de usar escrituras falsas de imóveis como garantias de pagamento de dívidas cobradas na Justiça. A operação policial baiana resultou na prisão de 15 pessoas na Bahia, em São Paulo e em Minas.

Entre os presos estão três ex-sócios de Valério na agência DNA, envolvida no mensalão:Margareth Freitas, Francisco Castilho e Ramon Hollerbach. Todos negam a prática de irregularidades.

Segundo o delegado Carlos Ferro, Valério usou as escrituras de cinco fazendas como garantia em ações de execução de dívidas movidas por uma agência de publicidade e pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.

Os documentos mostrados por Valério nos processos de execução indicam que as fazendas teriam 17.100 hectares, mas elas não existiam.

"Era só no papel. A matrícula que originou o registro das cinco fazendas que o Marcos Valério apresentou como garantia era de um terreno de 360 m²", disse o delegado.

Na investigação do mensalão, descobriu-se que Valério usou esse esquema e adquiriu títulos falsos em cartórios da Bahia. Eles eram a garantia para cobrir dívidas que as agências de publicidade DNA e SMPB tinham com o INSS.

'AH TÁ, JÁ SEI'

Valério foi preso em casa por volta das 6h. Os policiais interfonaram, e ele próprio atendeu. Segundo o delegado Denilson Gomes, ao ser informado do mandado,Valério respondeu: "Ah tá, já sei".

A polícia esperou 30 minutos na casa de Valério, na região da Pampulha, que tinha três carros na garagem (Pajero, Outlander e Toyota SW4).

Ele tomou banho e preparou uma pequena mala antes de ser levado. Sua mulher e o casal de filhos acompanharam a prisão. Eles choraram.

Valério e seus ex-sócios foram transferidos para Salvador à tarde. Ficaram presos na carceragem da Polinter.

O esquema de corrupção envolvia cartórios das cidades de Barreiras e São Desidério, no oeste baiano. Segundo a polícia, os serventuários emitiam as escrituras falsas. Os papéis serviam para "legalizar" a propriedade de terras griladas na região.

A outra variante do golpe é chamada de "terra de dois andares": a venda de escrituras de imóveis inexistentes.

Uma das responsáveis pelo esquema era Ana Elisabete Vieira dos Santos, ex-chefe do cartório de registro de imóveis de São Desidério. Também presa ontem, Ana Elisabete foi demitida a bem do serviço público em junho.

A prisão de Valério no mesmo dia em que o comando do PT se reunia em Belo Horizonte constrangeu os líderes do partido. Réus no mensalão, José Dirceu, José Mentor eJosé Genoino recusaram-se, porém, a comentar. 

Fonte: 
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=50088