Um dia depois de ser rebaixada por agências de risco, a OGX, de Eike Batista, caiu mais 10,3% na BM&F Bovespa e fechou cotada a R$ 1,99; tombo acumulado no ano já soma 85,94%; com dívidas de mais de R$ 20 bilhões junto a bancos públicos e privados, grupo EBX começa a representar risco sistêmico na economia brasileira; bilionário pediu ajuda ao governo Dilma e não foi atendido; fogueira do mercado consome seus papéis
247 - Foi simbólica a cotação final dos papéis da OGX no pregão desta
quinta-feira. A principal empresa do grupo EBX, de Eike Batista, terminou
cotada a R$ 1,99, depois de cair 10,3%. Esse papel, que já esteve cotado a mais
de R$ 15 no seu melhor momento, é o espelho do derretimento do "império
X". Ontem, a empresa foi rebaixada pela agência Standard & Poors
diante da constatação de que não conseguirá entregar os resultados prometidos
aos investidores. A S&P prevê ainda que todo o caixa da empresa será queimado
em 2013, o que deixará a empresa em más condições para honrar seus
compromissos.
Com dívidas
de mais de R$ 20 bilhões junto a bancos públicos, como o BNDES, e privados,
como Itaú e BTG Pactual, Eike pediu socorro à presidente Dilma Rousseff, mas
não foi atendido.
Leia, abaixo,
reportagem anterior do 247 sobre o risco sistêmico que o grupo EBX passou a
representar para a economia brasileira:
EIKE BATISTA
VIRA FATOR DE RISCO PARA TODA A ECONOMIA
Sem petróleo,
sem minério e sem crédito, o bilionário brasileiro já fica a ver navios. Consta
que ele e seu novo parceiro, André Esteves, do BTG Pactual, pediram socorro à
presidente Dilma Rousseff e receberam um rotundo não como resposta. Com dívidas
bilionárias, o "império X" começa a ser rebaixado por agências de
risco e contamina projetos de outras empresas brasileiras que tentam captar recursos
internacionais
247 - Um dos
principais problemas da economia brasileira, e, por tabela, do governo Dilma
Rousseff, hoje tem nome e sobrenome. Chama-se Eike Batista, rebaixado ontem
pela agência de risco Standard & Poors para o nível B-, com perspectiva
negativa, equivalente ao de um pré-calote. Eike prometia petróleo e entregou
poços secos aos seus investidores. Prometia uma nova Vale e entregou morros
inoperantes. Prometia o maior complexo industrial e portuário da América Latina
e no seu porto do Açu há apenas um pier construído. Prometeu um grande
estaleiro e, na prática, é ele quem começa a ficar a ver navios.
Aparentemente,
este seria um problema de natureza apenas privada. Ocorre que Eike hoje deve
mais de R$ 10 bilhões ao BNDES e outros bilhões a bancos como Itaú, BTG Pactual
e Bradesco. Sua quebra poderia desencadear um risco de natureza sistêmica. No
seu relatório, a Standard & Poors avisa que, se nada for feito, a OGX,
principal empresa de Eike, queimará todo o seu caixa em 2013. Ou seja: não terá
mais fôlego para rodar. E os bancos não parecem mais dispostos a colocar
dinheiro nos projetos do empresário.
Como o risco
é real, o bilionário e seu novo parceiro, o banqueiro André Esteves, do BTG
Pactual, decidiram pedir a ajuda, é claro, ao governo federal. Receberam da
presidente Dilma um rotundo não como resposta, como informa a jornalista Dora
Kramer, na nota publicada nesta quinta-feira no Estado de S. Paulo:
Nem pensar. A
presidente Dilma Rousseff ouviu, e negou socorro do governo ao empresário Eike
Batista. Da reunião-apelo participaram representantes do BNDES, Itaú, Bradesco,
BGT-Pactual e o próprio Eike, em dificuldades para honrar as dívidas com todos
eles.
Dilma ainda
alertou que se algo de pior vier a acontecer aos negócios do empresário símbolo
(pelo jeito com pés de barro) da prosperidade nacional, isso afetará ainda mais
a disposição interna e externa do setor privado para investir no Brasil.
Dilma tirou o
time de campo e avisou a Eike e Esteves que eles devem se virar por conta
própria, o que fará com que o bilionário comece a liquidar seus ativos e suas
concessões. Até porque um envolvimento ainda maior do governo tem potencial
para gerar grande confusão. Recentemente, o embaixador brasileiro em Cingapura
disse ter sido pressionado pelo ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento,
a transferir um estaleiro do grupo Jurong, já em construção no Espírito Santo,
para o Rio de Janeiro.
Ciente dos
riscos, o governo Dilma parece querer distância de Eike, mas o problema é que a
má experiência de investidores com o grupo EBX ameaça projetos de outras
empresas. "O investidor simplesmente cansou de ser roubado", disse ao
247 um diretor de um grande banco de investimentos. Outro empresário, que
pretendia captar recursos para projetos de infraestrutura, disse que a janela
do mercado internacional se fechou. "Eike conseguiu contaminar o
Brasil", afirma.
Leia, abaixo,
um trecho de reportagem do Valor Econômico sobre o rebaixamento de Eike:
SÃO PAULO - A
Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito da OGX de 'B' para 'B-',
devido a preocupações com a maturação dos projetos da companhia e de seu perfil
de liquidez restrito. A perspectiva é negativa, o que indica que a agência de
classificação de risco vê possibilidade de novos rebaixamentos no médio prazo.
"Apesar
de a companhia não ter vencimentos de dívida significativos até 2018, esperamos
que ela queime todo seu caixa durante 2013", afirmaram os analistas da
S&P em nota. Ao fim do ano, a OGX tinha US$ 1,6 bilhão em caixa, valor que,
na avaliação da agência, deve ser consumido em investimentos e pagamento de
juros.
Com isso,
alerta a S&P, a OGX precisará exercer o aumento de capital de US$ 1 bilhão
mediante exercício de opção de compra do controlador Eike Batista, ou vender
alguns ativos para reduzir a pressão sobre o caixa no próximo ano e manter seu
nível atual de investimentos. "Não esperamos que a produção gere um fluxo
de caixa operacional suficiente para continuar financiando os projetos e o
pagamento de juros", afirmam.
247 - Foi simbólica a cotação final dos papéis da OGX no pregão desta quinta-feira. A principal empresa do grupo EBX, de Eike Batista, terminou cotada a R$ 1,99, depois de cair 10,3%. Esse papel, que já esteve cotado a mais de R$ 15 no seu melhor momento, é o espelho do derretimento do "império X". Ontem, a empresa foi rebaixada pela agência Standard & Poors diante da constatação de que não conseguirá entregar os resultados prometidos aos investidores. A S&P prevê ainda que todo o caixa da empresa será queimado em 2013, o que deixará a empresa em más condições para honrar seus compromissos.
Com dívidas
de mais de R$ 20 bilhões junto a bancos públicos, como o BNDES, e privados,
como Itaú e BTG Pactual, Eike pediu socorro à presidente Dilma Rousseff, mas
não foi atendido.
Leia, abaixo,
reportagem anterior do 247 sobre o risco sistêmico que o grupo EBX passou a
representar para a economia brasileira:
EIKE BATISTA
VIRA FATOR DE RISCO PARA TODA A ECONOMIA
Sem petróleo,
sem minério e sem crédito, o bilionário brasileiro já fica a ver navios. Consta
que ele e seu novo parceiro, André Esteves, do BTG Pactual, pediram socorro à
presidente Dilma Rousseff e receberam um rotundo não como resposta. Com dívidas
bilionárias, o "império X" começa a ser rebaixado por agências de
risco e contamina projetos de outras empresas brasileiras que tentam captar recursos
internacionais
247 - Um dos
principais problemas da economia brasileira, e, por tabela, do governo Dilma
Rousseff, hoje tem nome e sobrenome. Chama-se Eike Batista, rebaixado ontem
pela agência de risco Standard & Poors para o nível B-, com perspectiva
negativa, equivalente ao de um pré-calote. Eike prometia petróleo e entregou
poços secos aos seus investidores. Prometia uma nova Vale e entregou morros
inoperantes. Prometia o maior complexo industrial e portuário da América Latina
e no seu porto do Açu há apenas um pier construído. Prometeu um grande
estaleiro e, na prática, é ele quem começa a ficar a ver navios.
Aparentemente,
este seria um problema de natureza apenas privada. Ocorre que Eike hoje deve
mais de R$ 10 bilhões ao BNDES e outros bilhões a bancos como Itaú, BTG Pactual
e Bradesco. Sua quebra poderia desencadear um risco de natureza sistêmica. No
seu relatório, a Standard & Poors avisa que, se nada for feito, a OGX,
principal empresa de Eike, queimará todo o seu caixa em 2013. Ou seja: não terá
mais fôlego para rodar. E os bancos não parecem mais dispostos a colocar
dinheiro nos projetos do empresário.
Como o risco
é real, o bilionário e seu novo parceiro, o banqueiro André Esteves, do BTG
Pactual, decidiram pedir a ajuda, é claro, ao governo federal. Receberam da
presidente Dilma um rotundo não como resposta, como informa a jornalista Dora
Kramer, na nota publicada nesta quinta-feira no Estado de S. Paulo:
Nem pensar. A
presidente Dilma Rousseff ouviu, e negou socorro do governo ao empresário Eike
Batista. Da reunião-apelo participaram representantes do BNDES, Itaú, Bradesco,
BGT-Pactual e o próprio Eike, em dificuldades para honrar as dívidas com todos
eles.
Dilma ainda
alertou que se algo de pior vier a acontecer aos negócios do empresário símbolo
(pelo jeito com pés de barro) da prosperidade nacional, isso afetará ainda mais
a disposição interna e externa do setor privado para investir no Brasil.
Dilma tirou o
time de campo e avisou a Eike e Esteves que eles devem se virar por conta
própria, o que fará com que o bilionário comece a liquidar seus ativos e suas
concessões. Até porque um envolvimento ainda maior do governo tem potencial
para gerar grande confusão. Recentemente, o embaixador brasileiro em Cingapura
disse ter sido pressionado pelo ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento,
a transferir um estaleiro do grupo Jurong, já em construção no Espírito Santo,
para o Rio de Janeiro.
Ciente dos
riscos, o governo Dilma parece querer distância de Eike, mas o problema é que a
má experiência de investidores com o grupo EBX ameaça projetos de outras
empresas. "O investidor simplesmente cansou de ser roubado", disse ao
247 um diretor de um grande banco de investimentos. Outro empresário, que
pretendia captar recursos para projetos de infraestrutura, disse que a janela
do mercado internacional se fechou. "Eike conseguiu contaminar o
Brasil", afirma.
Leia, abaixo,
um trecho de reportagem do Valor Econômico sobre o rebaixamento de Eike:
SÃO PAULO - A
Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito da OGX de 'B' para 'B-',
devido a preocupações com a maturação dos projetos da companhia e de seu perfil
de liquidez restrito. A perspectiva é negativa, o que indica que a agência de
classificação de risco vê possibilidade de novos rebaixamentos no médio prazo.
"Apesar
de a companhia não ter vencimentos de dívida significativos até 2018, esperamos
que ela queime todo seu caixa durante 2013", afirmaram os analistas da
S&P em nota. Ao fim do ano, a OGX tinha US$ 1,6 bilhão em caixa, valor que,
na avaliação da agência, deve ser consumido em investimentos e pagamento de
juros.
Com isso,
alerta a S&P, a OGX precisará exercer o aumento de capital de US$ 1 bilhão
mediante exercício de opção de compra do controlador Eike Batista, ou vender
alguns ativos para reduzir a pressão sobre o caixa no próximo ano e manter seu
nível atual de investimentos. "Não esperamos que a produção gere um fluxo
de caixa operacional suficiente para continuar financiando os projetos e o
pagamento de juros", afirmam.