Por Christopher Swann*
Eike Batista pode ser "grande demais para quebrar". A estatal brasileira Petrobras está considerando lançar uma tábua de salvação para o atribulado magnata na forma de contratos com o Grupo EBX. Eike tenta reviver seu império, que no ano passado perdeu cerca de US$ 27 bilhões em valor de mercado.
Uma intervenção do governo brasileiro, mesmo que indiretamente, mostra como o Grupo EBX se tornou influente.
Esta semana a presidente-executiva da Petrobras, Maria das Graças Foster, se apressou em negar as suspeitas de um resgate. A executiva disse que as negociações com a EBX são parte de um negócio e não de uma ajuda.
Ainda assim, o movimento marcaria uma mudança estratégica para a Petrobras. A estatal tem preferido manter a maior parte de suas operações internamente. Isso explica, em parte, porque a Petrobras é líder em investimentos no setor, com cerca de US$ 50 bilhões anuais. Terceirizar para empresas rivais, como a de Eike, poderia ajudar a reduzir os custos.
Mas até o momento, contudo, a Petrobras tem relutado em trabalhar com as empresas do Grupo EBX.
A OGX, empresa de petróleo de Eike, fundada em 2007, começou trazendo grandes executivos de empresas rivais. A presidente Dilma Rousseff -- e na prática a chefe de Graça Foster -- pode estar menos preocupada com a animosidade e mais em apoiar EBX.
De um lado, alguns dos problemas de Eike poderiam terminar afetando a infraestrutura do país. O Brasil tem lutado para acompanhar o ritmo da demanda por energia elétrica. O sucesso da MPX, braço de energia da EBX, pode ser vital para banir o fantasma do racionamento.
Eike conseguiu encontrar algumas soluções no mercado. No mês passado, ele vendeu uma fatia da MPX para a empresa alemã E.ON e assegurou uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para a EBX com o BTG Pactual.
É quase certo que existem mais negociações em curso. Mas o envolvimento da Petrobras sugere que forças maiores estão em jogo.
Não que a queda de Eike no ranking dos dez homens mais ricos do mundo seja algo para se preocupar. Até agora a OGX tem extraído quantidades insignificantes de petróleo, ficando atrás das previsões otimistas.
No entanto, seus projetos personificam as ambições do Brasil de crescimento global para se tornar um grande exportador de petróleo e um moderno construtor de navios.
Pode ser por isso que o Brasil precisa que Eike triunfe.
(*o autor é colunista da Reuters Breakingviews)