Ministério queria Aldeia Maracanã como centro indígena
por Cellna Côrtes
Ao chamar a Aldeia Maracanã de “invasão”, o governador Sérgio Cabral demonstrou, antes de mais nada, a sua total ignorância sobre o delicado tema. Uma reportagem publicada pelo Jornal do Brasil em 23 de outubro de 2006 – pouco depois da chegada dos índios ao imóvel então abandonado -, mostra que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, então proprietário do casarão abandonado, via com bons olhos sua transformação em um centro voltado à cultura indígena.
O então superintendente do ministério, Pedro Cabral – que por uma dessas coincidências tem o mesmo sobrenome do descobridor do país e do governador que quer expulsar os índios do local – se disse favorável à revitalização do espaço. Mostrou, inclusive, interesse em discutir o assunto com o Ministério da Justiça e com a Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre os procedimentos jurídicos a serem adotados para a transformação do imóvel.
Reportagem do JB mostra interesse do Ministério da Agricultura em fazer da Aldeia um centro de cultura indígena
“O ministério é a favor da recuperação, até porque o local se tornou perigoso, onde já houve até assassinatos”, disse Pedro Cabral ao Jornal do Brasil.
A reportagem foi publicada três dias depois que 35 índios de diversas tribos do Brasil chegaram ao casarão abandonado, até então um foco de perigo na cidade. Todas as negociações pela transformação do local em um centro de cultura indígena, inclusive produtor do belo artesanato que só eles sabem fazer – como propôs Fernando Gabeira – estão sendo reduzidas a pó por Sérgio Cabral. Sabe-se lá por quê.