Outros hotéis que receberam financiamento da linha Pro-Copa Turismo do BNDES para construções e reformas afirmam que serão concluídos no tempo previsto, mas alguns não até a Copa de 2014
Naiara Infante Bertão
Glória Palace, tradicional hotel carioca, está em reformas e hoje pertence à REX, empresa do grupo de Eike Batista(Reprodução/Google Street View)
Quem planejava se hospedar no tradicional Hotel Glória, no Rio de Janeiro, durante os jogos da Copa do Mundo de Futebol em 2014 terá que rever os planos. A REX, empresa de desenvolvimento imobiliário do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, não conseguirá terminar a reforma antes do início do torneio mundial. A falta de compromisso com o prazo de entrega é estarrecedor. O Glória, inaugurado em 1922 e adquirido por Eike em 2008, utiliza uma robusta linha de financiamento público criada, justamente, para viabilizar obras que aumentariam a oferta de hospedagem.
O programa Pro-Copa Turismo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem 1,46 bilhão de reais em projetos já aprovados e em estudo. O Hotel Glória é um dos 12 que já estão utilizando o total de 743,1 milhões de reais de recursos liberados. Mas é o único que não ficará pronto dentro do prazo prevista, até o primeiro semestre de 2014, quando os turistas começarão a desembarcar no Brasil. Hoje, a menos de 500 dias para o início da Copa do Mundo, apenas 30% das obras do Glória estão concluídas, conforme informou ao site de VEJA a assessoria de imprensa da REX. A previsão é que o hotel poderá receber poucos hóspedes – embora não tenha sido informado o número.
Contratada em agosto de 2010 pela REX, a linha de financiamento inicial era de 146,5 milhões de reais para o Hotel Glória, que passará a se chamar Glória Palace. Mas, em meados do ano passado, a empresa de Eike pleiteou um acrescimento de 44,1 milhões de reais do programa Pró-Copa para a expansão do número de quartos do hotel. Agora, com 190,6 milhões de reais disponíveis, o empreendimento de Eike é o segundo que mais recebeu dinheiro público – o primeiro é o Grand Hyatt Barra, da Rio JV Partners Participações.
Sem cobrança – Apesar do nome Pro-Copa, o BNDES informou ao site de VEJA que a contratação da linha de financiamento não exige a conclusão das obras até a Copa. Por isso, não há penalidade formal e nem fiscalização por parte da instituição. O banco de fomento explica que, se há atrasos, quem sai prejudicada é a própria empresa contratante porque o calendário de liberação do financiamento depende da conclusão das etapas da obra e os hotéis terão de manter o programa de pagamento pelo empréstimo em dia.
O nome do projeto, segundo o BNDES, serviu de chamariz para aproveitar a visibilidade dos dois eventos esportivos que vão movimentar o país nos próximos anos, a Copa e os Jogos Olímpicos de 2016. O propósito era ajudar o setor do turismo, não necessariamente a Copa. “Depois de conversas com o setor, o banco percebeu que a sustentabilidade econômica dessas obras dependia não só de juros de financiamento mais baixos, como também de prazos mais longos de pagamento”, disse a assessoria de imprensa do banco.
“O BNDES realiza visitas de acompanhamento periódicas, de modo a avaliar a aplicação dos recursos. As liberações acontecem concomitantemente ao andamento das obras, e uma parcela só é liberada após a comprovação de uso da parcela imediatamente anterior. Assim, não há, portanto, uma penalidade formal em caso de atraso, mas penalidade econômica”, explica em nota ao site de VEJA.
FONTE: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/apenas-hotel-de-eike-nao-ficara-pronto-no-tempo-previsto