sábado, 11 de fevereiro de 2012

BENEVENUTO DACIOLO: DE LIDERANÇA SINDICAL A PRISIONEIRO POLÍTICO
O Brasil é pródigo em produzir mártires e a flagelar moralmente membros de  suas próprias forças de segurança. É assim desde a Colonia quando um alferes, Joaquim Jose da Silva Xavier (o Tiradentes), foi o único inconfidente mineiro a ser executado, esquartejado e ter a terra onde ficava sua casa salgada para que nada mais ali crescesse. Depois dele vieram muito outros, como o marinheiro João Cândido da revolta da Chibata e o tenente Carlos Lamarca que pegouem armas para resistir militar de 1964.

Mas agora, em plna vigência do que se pretende um regime democrático, as elites brasileiras partiram para cima de lideranças de policiais militares e bombeiros e as tratam como perigosos agitadores em vez lidar com eles como eles realmente são: líderes de milhares de trabalhadores que ganham salários miseráveis para executar uma política de insegurança pública cuja única finalidade é conter a violência nos bolsões imensos de pobreza, enquanto os ricos ficam isolados cada vez mais em suas mansões nababescas.

Agora, a prisão do cabo bombeiro Benevenuto Daciolo tornou-se o exemplo mais evidente de que a lei no Brasil é aplicada de forma seletiva e implacável. Afinal, não apenas a situação da prisão é nebulosa, como o envio de Daciolo para Bangu I por si só é uma excrecência jurídica, mesmo que se siga o rígido código disciplinar a que os bombeiros estão submetidos. 

Neste momento não há outra forma de caracterizar Benevenuto Daciolo a não ser como um prisioneiro político que está sendo mantido refém para servir de exemplo para os seus camaradas de armas, pés de pato e extintores de incêndio.  Exigir sua imediata libertação se torna assim uma necessidade premente, e ignorar a condição inaceitável em que Daciolo foi colocado se tornará uma forma de cumplicidade com um ato de exceção política.
Liberdade para Benevenuto Daciolo já!