AOS QUE VIBRAM COM A DURA REPRESSÃO ÀS GREVES DE POLICIAIS, MELHOR OLHAR PARA A GRÉCIA
A dura repressão que está sendo imposta aos membros das forças da segurança está sendo apoiada até na blogosfera, com base num amplo arco de justificativas. A mais comum é de que policiais militares são militares, e não podem fazer greve. Pouco se fala sobre os salários miseráveis e sobre as condições draconianas que ainda persistem nas relações dentro da corporação, coisa que no Rio de Janeiro acabou de ganhar novos contornos repressivos com o aprofundamento das punições que haviam sido instaladas durante o regime militar no ano de 1978. Também pouco se fala sobre a lógica que embala o duro arrocho salarial que impera no setor público, e a que esse arrocho se destina.
Aliás, muitos podem se perguntar sobre a razão de manter servidores da segurança com salários tão ridículos e, pior, tentar afogar as demandas salariais com prisões arbitrárias de lideranças e repressão aos policiais que ousam demandar publicamente uma paga justa. A explicação é multifacetada, mas a principal delas é o fato de que o governo Dilma está completamente alinhado com a lógica de manter a economia mundial ancorada na especulação financeira e o Brasil, em particular, como uma fonte inesgotável de oferta de divisas para as economias centrais. É por isto que há tanta repressão, pois o governo Dilma está ciente de que qualquer mau exemplo materializado na concessão de melhores salários vai desembocar em novas demandas, visto que os salários dos servidores públicos está defasado como um todo.
Agora, aos que se alegram com a dura repressão aos grevistas da segurança pública, eu indicaria uma olhada na situação da Grécia. Lá os governantes estão confrontados com uma grave eclosão social, com caráter revolucionário, porque decidiram jogar todo o peso dos custos da especulação financeira sobre as costas dos trabalhadores, e dos servidores públicos em particular. A matéria escrita pela jornalista Helena Smith do jornal inglês The Guardian dá conta da aflitiva situação em que se encontra a Grécia e das perspectivas de explosão social que estão se formando por causa da submissão aos modelos da Troika formada pelo FMI-Banco Europeu-União Européia. Quem quiser esta matéria é só acessar o link http://www.guardian.co.uk/world/2012/feb/12/greece-cant-take-any-more.
A questão lá como cá, é o que acontecerá quando policiais se juntarem aos trabalhadores em vez de reprimi-los. Assim, que ninguém se iluda, ao se aceitar a repressão das demandas dos policiais e bombeiros, o que pode estar se lançando são as sementes de grandes agitações. Melhor seria para todos, inclusive para os governantes, se em vez de punir e reprimir, a opção tivesse sido pela negociação justa e o estabelecimento de uma política de fortalecimento de salários.