quinta-feira, 21 de março de 2013

A controversa visita da reitoria da Uenf ao Açu e seus efeitos previsiveis


A visita realizada pela reitoria da Uenf às obras do Complexo do Açu já está repercutindo na pior forma possível, visto que existem pessoas (que tomando o resto do mundo por si mesmas) já estão vendo na constatação do processo de salinização causado no V Distrito de São João da Barra, uma das daquelas manobras de despachantes que criam dificuldades para vender facilidades.

Pois bem, aos que pensam assim é preciso lembrar que universidades (ao contrário de partidos políticos e corporações privadas) são marcadas pelo direito à diferença. Assim, não há como se confundir (a não ser por desinformação ou mau caratismo puro) os pesquisadores que fazem seu trabalho à revelia dos pragmatismos institucionais e a reitoria que opera, ainda que lamentavelmente) numa esfera mais propicia ao tipo de jogo que interesse ao Grupo EBX.

De quebra, as empresas da franquia "X" não são conhecidas pelo mecenato. Aliás, muito pelo contrário.  Além disso, como a visita da reitoria da Uenf já prestou o favor de conferir gratuitamente uns minutos de legitimação ao Grupo EBX em troca de muito pouco ou quase nada (aliás, me disseram que a  comida oferecida à comitiva foi de excelente qualidade).

Mas uma coisa é preciso ficar claro. As ações de pesquisadores que vêm atuando para desvelar os reais impactos sociais e ambientais do Complexo do Açu não vão parar. Ontem mesmo foi defendida uma dissertação sobre os impactos causados na pesca artesanal marinha no Farol de São Thomé. Em breve teremos uma outra que revelará aspectos até agora obscuros sobre o que acontece com as famílias de agricultores após o processo de desapropriação. E assim virão outras.

Deste modo, ainda que alguns fiquem céticos, os pesquisadores da Uenf que não rezam pela cartilha pragmática da reitoria seguirão trabalhando e causando desconforto aos que infligem danos sociais e ambientais em sua busca pelo lucro desenfreado. Simples assim.