sexta-feira, 21 de setembro de 2012

EU SOU UM RADICAL, MAS NÃO TANTO QUANTO A REALIDADE ME EXIGE SER




O Jornal Folha da Manhã me concedeu a extrema gentileza de reproduzir uma nota postada aqui neste blog sobre o domínio político exercido pelo deputado Anthony Garotinho na cidade de Campos em sua versão impressa do dia de hoje, e ainda de ecoar seu conteúdo em sua coluna de opinião. Como normalmente posto aqui sem as pretensões de atingir grande público, essa reprodução é vista por mim com um gesto a ser apreciado. Afinal, nada do que escrevi foi alterado ou ajustado. 

Além disso, numa das notas em que o conteúdo é reproduzido é dito que eu sou considerado como um radical em meu ideário político e nas minha militância classista. Há de haver pessoas que considerem essa adjetivação como sendo negativa. Mas eu diria que a minha única reserva a ela é que eu não me vejo como sendo tão radical quanto a realidade me exige ser. Quando muito, vivo uma vida em que não preciso ficar me preocupando com o carrão importado que comprei em generosas prestações e com a mansão que construí em velocidade esquisita para quem recebe um salário de professor universitário em um dos muitos condomínios fechados que pululam como cogumelos no pasto em dias de chuva na margem direita do Rio Paraíba do Sul. Confesso que minha opção por ser apenas um professor universitário é repetidamente colocada em xeque pela miséria e pela humilhação cotidiana em que a maioria do nosso povo é colocado, apenas para alimentar uma máquina de consumo que aliena e idiotiza aqueles que podem dela desfrutar. Mas me consolo ao pensar que muitos dos meus orientandos se tornaram pessoas capazes de refletir sobre a realidade e contribuir de uma certa maneira para mais pessoas possam entender suas raízes. 

Karl Marx disse em uma de suas obras que "Ser radical é tomar as coisas pela raiz. Mas, para o homem, a raiz é o próprio homem.” Se eu puder continuar vivendo, trabalhando e refletindo sobre a vida eu já poderei deixar de existir fisicamente sem maiores lamentações, visto que a vida eterna não me interessa. Especialmente enquanto bilhões de seres humanos estão aqui neste planeta vivendo vidas que não precisariam ser tão difíceis, apenas para alimentar um sistema social que já não se sustenta mais em pé, e só  se mantem graças à indústria bélica. Simples assim.