Apesar de ter acompanhado de uma maneira um pouco distanciada todo o drama que se desenvolveu nas últimas 48 horas em torno da cassação do mandato da prefeita Rosinha Garotinho, não posso deixar de notar que as cenas finais deste capítulo não poderiam ter sido boladas pelo melhor escritor de novelas mexicanas.
De um lado tivemos Nelson Nahim curtindo o que certamente deverá ser o mandato mais curto da história universal, algo em torno de 5 minutos, e os confrontos tipo "Pastelão" dentro da Câmara de Vereadores, entre os apoiadores da prefeita Rosinha Garotinho e o meteórico prefeito. O interessante é que até bem pouco tempo ninguém poderia esperar que Nelson Nahim resolvesse ter um momento de tanto despreendimento em relação ao irmão que tanta sombra lhe faz. Mas para azar completo de Nahim, o desembargador federal Sérgio Schwaitzer, numa liminar para lá de esquisita, resolveu por manter a prefeita no cargo por 30 dias. Seja lá o que ele tivesse em mente, realmente não dá para deixar de achar que com isto apenas manteve a novela em fluxo contínuo.
O momento "sarjeta" deste dramalhão de baixa qualidade foi a confusão dentro da Câmara de Vereadores, onde dizem as coisas chegaram num tipo limitado de vias de fato. Mas como a Câmara de Vereadores já não tem mesmo muito crédito com a população de Campos, eu diria que neste caso não houve grande perda para a democracia brasileira. Afinal, para se perder crédito, o sujeito (ou a instituição) tem que ter algo a ser perdido.
Voltando à minha nota anterior, eu tendo a achar que o deputado federal Anthony Garotinho conseguiu todos os seus objetivos táticos neste momento. Conseguiu colocar a esposa de volta na Prefeitura, diminuiu o crédito da sentença que ia de encontro aos seus interesses maiores e, de quebra, deixou o seu irmão Nelson Nahim numa posição de extrema fragilidade. A coisa ficou tão feia para Nelson Nahim que ele se viu na contingência de fazer duas coisas impensáveis para uma liderança política que se pretende com alguma respeitabilidade: 1) indicou que irá pedir a ajuda de sua mãe para controlar o irmão "desequlibrado", e 2) ameaçou trocar de partido. Ora bolas, isso não é ameaça, é sinal de rendição. Afinal de contas, o que será que ele acha que a sua mãe vai poder fazer a estas alturas do campeonato? A verdade é que Nelson Nahim ficou mal, mal não, péssimo, na fotografia.
Mas esperemos pelos próximos capítulos desta novela. Mas que ninguém espere por momentos de altruísmo ou generosidade. É que em dramalhões mexicanos, o que dá Ibope é o que está se vendo: sarjeta, muita sarjeta. Nem mais, nem menos.